O ex-ministro Silvio Almeida durou menos de 24 horas à frente da pasta dos Direitos Humanos depois da revelação, por meio de reportagem do portal Metrópoles, de que é alvo de acusações de assédio sexual feitas sob anonimato. É o que destaca o editorial do jornal Folha de S.Paulo deste domingo, 8.
Para tornar o caso ainda mais escandaloso, noticiou-se que uma das vítimas seria sua então colega Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial — e o silêncio dela sobre o caso foi eloquente o bastante.
A rapidez na decisão do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), no entanto, é apenas aparente. Ao que tudo indica, as queixas contra o ministro já se acumulavam internamente havia meses, incluindo denúncias de assédio moral, reportadas na quarta-feira, 4, pelo portal UOL.
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“Diante do estardalhaço, restou a Lula agir sem maiores sutilezas”, afirma a Folha. Na manhã de sexta, 6, declarou em entrevista que “alguém que pratica assédio não vai ficar no governo”. Antes, a primeira-dama Janja já havia postado em uma rede social uma foto sua com Anielle.
Convocou-se uma reunião com cinco ministros para discutir o caso. Além disso, foi comunicado que a Polícia Federal iniciaria investigações a respeito da conduta de Almeida.
No início da noite, a demissão foi comunicada sem meias palavras em nota do Planalto: “O presidente considera insustentável a manutenção do ministro no cargo considerando a natureza das acusações de assédio sexual”.
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“Pouco se sabe de concreto a respeito de tais acusações além de que foram apresentadas à organização Me Too Brasil, que as confirmou sem mencionar números nem nomes”, diz a publicação. “A prática intolerável do assédio, que pode ocorrer por meio de condutas físicas e verbais, tende a ser de difícil comprovação jurídica, o que costuma intimidar suas vítimas.”
Candidata de SP disse ter sofrido assédio por Almeida
Depois da crise vir à tona, a candidata a vereadora em Santo André (SP) Isabel Rodrigues postou vídeo em que relata ter sofrido agressão sexual por parte de Almeida em 2019.
“O ministro exonerado errou ao usar a estrutura da pasta para fazer a sua defesa —na qual atribuiu as denúncias a uma suposta campanha contra sua imagem ‘enquanto homem negro em posição de destaque no poder público’”, avalia a Folha. “De qualquer modo, sua saída já se tornara inevitável.”
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“As acusações devem ser apuradas e ele precisa ter amplo direito à defesa”, acrescenta o jornal. “Se mantido no cargo, o processo traria desgaste descomunal a um governo que empunha a bandeira da defesa das mulheres e dos direitos humanos, mas não pôde prevenir um escândalo em seu primeiro escalão.”