Advogados e magistrados na OAB/MS exploram os dilemas da Inteligência Artificial

Bitto Pereira, presidente da OABMS, abre o Simpósio sobre Inteligência Artificial com discurso sobre os desafios éticos da tecnologia.

Bitto Pereira, presidente da OABMS, abre o Simpósio sobre Inteligência Artificial com discurso sobre os desafios éticos da tecnologia. – (Foto: Divulgação)

Na noite da última quinta-feira, 29 de agosto, a Ordem dos Advogados do Brasil, Seccional Mato Grosso do Sul (OAB/MS), foi palco de um evento que, há poucos anos, poderia parecer mais ficção científica do que realidade jurídica. Advogados, magistrados e acadêmicos se reuniram para um simpósio sobre Inteligência Artificial (IA), um tema que está rapidamente ganhando espaço nas discussões sobre o futuro do direito.

O auditório estava cheio, e o ar parecia carregado de uma curiosidade cautelosa. A tecnologia que há pouco tempo era discutida em termos futurísticos, agora é uma presença palpável, trazendo consigo promessas de eficiência e preocupações éticas. O presidente da OAB/MS, Bitto Pereira, deu início ao evento com uma fala que capturava bem o clima do encontro: “É muito prazeroso presidir uma instituição em que os eventos acontecem simultaneamente. Esse é um tema relevantíssimo, tenho me debruçado sobre o assunto para entender esse novo universo”. Suas palavras refletiam o misto de entusiasmo e necessidade de compreensão que marcou o simpósio.

Os dilemas da tecnologia no direito – Entre os palestrantes, Mansour Elias Karmouche, conselheiro federal e membro honorário vitalício da OAB, trouxe à discussão uma perspectiva que ia além das questões técnicas, tocando na essência do que significa integrar a IA ao sistema jurídico. “A inteligência artificial é um reflexo daquilo que você ensina ela a responder, e isso nós temos que entender,” disse ele, destacando a ideia de que a ética da IA é, em última análise, a ética dos humanos que a programam.

Palestrantes do Simpósio sobre Inteligência Artificial debatem as implicações da tecnologia no campo jurídico
Palestrantes do Simpósio sobre Inteligência Artificial debatem as implicações da tecnologia no campo jurídico

O desembargador Alexandre Raslan adotou um tom de cautela, lembrando que a adoção da IA no direito deve ser feita com um olhar crítico. “Esses debates que acontecem aqui na instituição são muito importantes, ninguém está aqui para defender um posicionamento, estamos aqui para reconhecer um problema,” afirmou, sugerindo que, se não formos cuidadosos, podemos acabar apenas mudando os problemas de lugar, ao invés de resolvê-los.

Por outro lado, o promotor de justiça Michel Maesano viu na IA uma oportunidade sem precedentes para aumentar a produtividade do setor jurídico. “Se a inteligência artificial nos entregar uma fração pequena daquilo que ela promete, talvez estejamos na era de maior produtividade que a gente já viu antes,” disse ele, antecipando um futuro em que a burocracia do direito possa ser agilizada, liberando os profissionais para focarem em questões mais complexas e humanas.

Provocações e reflexões – Raphael Chaia, professor e presidente da Comissão de Direito Digital da OAB/MS, aproveitou o simpósio para lançar algumas provocações aos presentes. Ele destacou que, por trás de toda a tecnologia de IA, há uma ferramenta ainda mais antiga, mas igualmente poderosa: o big data. “Meu objetivo hoje é trazer um pouco de provocações e ao mesmo tempo trazer reflexões,” disse, sugerindo que o tratamento de grandes volumes de dados é o verdadeiro motor por trás das transformações tecnológicas que estamos presenciando.

Participantes do Simpósio sobre Inteligência Artificial na OAB/MS posam para foto oficial após um dia de debates intensos.
Participantes do Simpósio sobre Inteligência Artificial na OAB/MS posam para foto oficial após um dia de debates intensos.

O simpósio sobre Inteligência Artificial na OAB/MS não foi apenas um encontro acadêmico, mas um marco na maneira como a advocacia sul-mato-grossense está se preparando para o futuro. Os debates indicaram que, enquanto a IA promete revolucionar o direito, ela também traz à tona questões complexas que exigem mais do que apenas soluções técnicas—exigem uma análise profunda das implicações éticas e humanas.



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