Com o amadurecimento dos modelos de linguagem como o ChatGPT, a IA generativa passou a influenciar não só o trabalho ou os estudos, mas também a forma como lidamos com emoções, nos organizamos e buscamos propósito. O relatório “2025 Top-100 Generative AI Use Case Report”, publicado na Harvard Business Review, aponta três principais usos dessa tecnologia no cotidiano: terapia e companhia emocional, organização da vida pessoal e busca por propósito.
A IA como espelho emocional
Em países com acesso limitado à saúde mental, a IA tornou-se uma alternativa acessível para expressar sentimentos. Usuários relatam utilizar modelos de linguagem para desabafar, entender emoções e refletir sobre suas dificuldades — tudo isso sem o medo de julgamento.
A ausência de críticas e a disponibilidade constante da IA criam um espaço seguro para quem precisa ser ouvido. Como afirmou Allie Miller, consultora de IA para empresas Fortune 500, “é o terreno ideal para grandes sonhos e objetivos em formação”.
Organizar a vida com a ajuda da IA

Outro uso cada vez mais comum é a organização pessoal. A IA passou a ser requisitada para criar rotinas domésticas, montar calendários personalizados e facilitar decisões do dia a dia. Um usuário exemplificou: “Pedi para o GPT me montar um cronograma de limpeza antes das visitas chegarem. Foi perfeito.”
Além disso, ela atua como aliada no planejamento de viagens, na gestão alimentar e até na contestação de multas. Em 2025, a IA está presente desde a geladeira até o itinerário do feriado.
Educação e autoconhecimento guiados por IA
A tecnologia também se firmou como tutora pessoal. Muitos estudantes recorrem à IA para entender conteúdos que os cursos online não explicam bem. Um usuário comentou: “Ela me ajuda a reforçar o que estou aprendendo, tem sido extremamente útil.”
Outro destaque do relatório é o uso da IA na busca por propósito. Cada vez mais pessoas usam modelos generativos para refletir sobre seus valores, redefinir metas e estruturar seus caminhos pessoais. A inteligência artificial se torna, assim, uma ferramenta de autodesenvolvimento.
Cresce a preocupação com dependência e privacidade

Apesar dos benefícios, a Harvard Business Review alerta para um risco crescente: a dependência excessiva. Alguns usuários admitem recorrer à IA mesmo para tarefas simples, o que pode limitar o exercício do raciocínio próprio.
Na educação, por exemplo, muitos professores e pais se preocupam com o impacto da IA sobre o pensamento crítico dos jovens, já que ela pode entregar trabalhos completos em segundos, enfraquecendo o aprendizado.
Outro ponto delicado é a privacidade dos dados. Muitos usuários expressam desconforto com o uso de suas informações por empresas de tecnologia, temendo a falta de controle sobre onde e como seus dados estão sendo utilizados.
O futuro da IA: mais autônoma, mais humana?
Segundo o relatório, os usuários agora esperam que a IA assuma tarefas mais concretas e autônomas — como cancelar assinaturas automaticamente ou tomar decisões com base em preferências pessoais. Esse desejo por uma IA “agentiva” aponta para um futuro onde ela será não apenas uma assistente, mas uma executora de ações.
Ainda assim, o estudo conclui que os maiores avanços não vêm das capacidades técnicas da IA, mas de como os humanos a integram ao seu cotidiano. Em outras palavras, é a maneira como nos relacionamos com a tecnologia que determina seu real impacto.
A IA generativa de 2025 pode ser tanto bússola quanto bengala. Cabe a cada um decidir se ela será uma aliada no caminho do autoconhecimento ou um atalho que nos distancia de nossas próprias capacidades.
Fonte: Infobae