O mercado de trabalho brasileiro apresenta um cenário complexo, com dados aparentemente contraditórios. Enquanto a taxa de desemprego subiu de 6,5% para 6,8%, o número de vagas com carteira assinada cresceu e atingiu um recorde histórico.
Essa situação reflete uma mudança qualitativa importante no mercado de trabalho. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua, realizada pelo IBGE, mostrou um aumento no desemprego. Por outro lado, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) registrou um recorde na criação de vagas formais.
Historicamente, o emprego informal sempre foi muito maior no Brasil. Contudo, após a pandemia, essa diferença vem diminuindo consistentemente, chegando ao ponto em que, em fevereiro, a geração de vagas formais superou a de vagas informais.
Essa transformação pode ser atribuída a diversos fatores, incluindo o aumento da segurança jurídica provocado pela reforma trabalhista. A mudança indica uma melhoria na qualidade dos empregos gerados no país.
Os setores que mais se destacaram na geração de empregos formais em fevereiro foram a construção civil, o setor de serviços e a agropecuária. Todos os cinco grupos pesquisados pelo Caged apresentaram alta expressiva na formação de vagas.
A análise aponta para fatores estruturais positivos, como o aumento da escolaridade do trabalhador brasileiro e a incorporação de novas tecnologias. No entanto, há preocupações quanto à relação entre o crescimento dos salários e a produtividade do trabalhador, o que pode gerar pressões inflacionárias no longo prazo.
Economistas projetam que a taxa de desemprego pode chegar a 7% em 2025, mas ressaltam que isso não necessariamente significa um aumento real no desemprego, já que muitas pessoas que saíram da força de trabalho após a pandemia podem retornar, causando um efeito estatístico.