Anielle vê como ‘contundente’ queda de ministro que Lula adiou

A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, que acusou de assédio sexual Sílvio Almeida, ex-titular da pasta de Direitos Humanos do governo de Lula (PT), classificou como “contundente” o ato de demissão do ex-ministro, mesmo após o presidente da República admitir que sabia do caso e retardou a demissão até a noite de ontem (6).

Irmã da vereadora carioca Marielle Franco, assassinada brutalmente em 2018 em crime político, a ministra já havia exposto a integrantes do governo de Lula seu relato de assédio sexual ocorrido em maio de 2023, quando o ministro teria passado a mão em sua perna. Anielle destacou, em nota publicada na noite de ontem, que considera inaceitável relativizar ou diminuir violência.

“Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi. Tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência. Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações, sempre que acionada”, disse Anielle. 

Inércia

Antes de demitir Almeida, Lula disse que soube na quinta (5) das denúncias contra Almeida enviadas à ONG Me Too Brasil. Mas somente ontem, após a repercussão do escândalo por meio da imprensa, sinalizou publicamente ter iniciativa de apurar rigorosamente o caso, acionando a Polícia Federal, a Controladoria-Geral da República e o Ministério Público e a Comissão de Ética da Presidência da República. Mas ponderou que Sílvio Almeida terá direito à defesa e presunção de inocência.

E submeteu sua análise para decisão final à consulta prévia a ministros e ministras, e ao próprio acusado. Foram ouvidos os titulares das pastas Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski; da Controladoria-Geral da União (CGU), Vinicius de Carvalho; da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias; da Gestão e Inovação, Esther Dweck; e da Mulher, Cida Gonçalves.

Coluna Cláudio Humberto deste sábado destaca que o Planalto sabe de tudo desde 2023, segundo fontes do governo de Lula.

Hoje eu venho aqui como mulher negra, mãe de meninas, filha, irmã, além de Ministra de Estado da Igualdade Racial. 

Eu conheço na pele os desafios de acessar e permanecer em um espaço de poder para construir um país mais justo e menos desigual.

Desde 2018, dedico minha vida para que todas as mulheres e pessoas negras possam estar em qualquer lugar sem serem interrompidas. 

Não é aceitável relativizar ou diminuir episódios de violência. Reconhecer a gravidade dessa prática e agir imediatamente é o procedimento correto, por isso ressalto a ação contundente do presidente Lula e agradeço a todas as manifestações de apoio e solidariedade que recebi.

Tentativas de culpabilizar, desqualificar, constranger, ou pressionar vítimas a falar em momentos de dor e vulnerabilidade também não cabem, pois só alimentam o ciclo de violência.

Peço que respeitem meu espaço e meu direito à privacidade. Contribuirei com as apurações, sempre que acionada. 

Sabemos o quanto mulheres e meninas sofrem todos os dias com assédios em seus trabalhos, nos transportes, nas escolas, dentro de casa. E posso afirmar até aqui, que o enfrentamento a toda e qualquer prática de violência é um compromisso permanente deste governo. 

Sigo firme nos passos que me trouxeram até aqui, confiante nos valores que me movem e na minha missão de trabalhar por um Brasil justo e seguro pra todas as pessoas.

Anielle Franco
Ministra da Igualdade Racial



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