A aprovação pela Câmara, nesta quarta (11), das compensações, até o fim gradual, programado para 2028, da política de desoneração da folha de pagamento de 17 setores da economia e municípios, foi um alívio para o governo. Contudo, a necessidade de gerar receita para equilibrar as contas continua.
Paulo Gama, analista político da XP, participou nesta quinta (11) do programa Morning call da XP, e disse que a aprovação do texto-base no Congresso “é um marco relevante para o governo e para as contas do país de maneira geral”.
Medidas de compensação
“É uma novela que se arrastava a bastante tempo”, disse. “O texto prevê uma ‘escadinha’ para que as empresas voltem a contribuir e prevê medidas de compensação do que vai haver de renúncia de receitas por parte do governo nesses próximos anos”, complementou.
Continua depois da publicidade
Entre as medidas de compensação estão repatriação de recursos que estão no exterior, correção de valor de bens no imposto de renda, multas aplicadas por agências reguladoras e incorporação de recursos “esquecidos” em contas bancárias.
“Mas é quase uma página virada agora o texto aprovado, com as receitas incorporadas da maneira que haviam sido sugeridas pelos senadores e confirmadas pelos deputados”, ressaltou.
Aumentar alíquota de CSLL e JCP ainda estão na pauta do governo
No entanto, Paulo Gama lembrou que o governo tentou incluir no texto de compensações uma majoração da alíquota da Contribuição sobre Lucro Líquido (CSLL) e também incremento da alíquota do imposto de renda na distribuição sobre juros de capital próprio (JCP).
Continua depois da publicidade
“As duas medidas acabaram não vingando, o Congresso se recusou a discuti-las no momento em que o governo apresentou”, comentou. “Mas o governo voltou a insistir nessas medidas no momento em que enviou o Projeto de Lei Orçamento de 2025”, acrescentou.
“Passadas as eleições municiais de outubro, o governo vai voltar à carga para aprovar pelo menos uma delas, para compor receitas de 2025. O governo precisa de novas fontes de receita”, afirmou o analista da XP.
Paulo Gama disse ainda que o governo pretende fazer uma revisão de despesas obrigatórias, que cresceram mais do que o previsto, comprimindo as despesas discricionárias. “O governo tenta reduzir o crescimento dessas despesas, tentando eliminar fraudes e algumas distorções que existiam no pagamento de benefícios”, destacou.