O bitcoin (BTC) opera em queda nesta sexta-feira (17) no quarto dia seguido de desempenho negativo para a criptomoeda. Com a sequência de baixas, o ativo digital acumula perdas de 12,8% nos últimos sete dias. Enquanto isso, o ether (ETH), segunda maior criptomoeda do mundo em valor de mercado, recua 12,5% no mesmo período.
A derrocada vem em mais um dia de liquidação de posições compradas nos derivativos de moedas digitais. Segundo o site Coindesk, US$ 1,2 bilhão em posições alavancadas foram liquidadas nas últimas 24 horas.
Esta onda de pessimismo atinge o mundo cripto ao mesmo tempo em que os mercados tradicionais dos Estados Unidos são abalados pelas quebras das empresas First Brands e Tricolor, que geraram temor de uma crise de crédito. As ações dos bancos regionais americanos Zions Bancorp e Western Alliance despencaram após as instituições revelarem que também estão com problemas com seus devedores.
Às 10h56 (horário de Brasília) o bitcoin cai 4,4% em 24 horas, cotado a US$ 106.031, conforme dados do CoinGecko. Em reais, o bitcoin tem queda de 4,1% a R$ 578.769, de acordo com valores fornecidos pelo Cointrader Monitor.
Entre as altcoins, o ether, moeda digital da rede Ethereum, recua 5,4% a US$ 3.803. Enquanto isso, o XRP, token de pagamentos internacionais da Ripple, cai 6,3% a US$ 2,29; a solana (SOL) registra perdas de 7,9% a US$ 180,79; e o BNB (token da Binance Smart Chain) recua 9,4% a US$ 1.072.
O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo atualmente é de US$ 3,67 trilhões.
Segundo o analista de criptoativos Beto Fernandes, há três fatores para o mau humor do mercado hoje. O possível aumento da inadimplência nos EUA; a continuidade da paralisação do governo americano pela falta de acordo entre republicanos e democratas na discussão do orçamento; e a tensão com a China.
“Tudo isso deixa os investidores sem confiança para injetar novo capital nos mercados”, afirma Fernandes.
O especialista destaca que os títulos do Tesouro dos EUA de vencimento em um ano estão pagando mais do que aqueles de cinco anos e menos do que os de dois anos.
“Em outras palavras, os investidores não sentem que os EUA, neste momento pelo menos, estão em uma posição de confiança e seguridade em um curto prazo”, explica.
Já Paulo Camargo, CIO da Underblock, lembra que esta semana foi marcada pela absorção dos impactos da guerra comercial entre EUA e China depois do “flash crash” da última sexta.
Na ocasião, a ameaça do presidente americano, Donald Trump, de impor tarifas adicionais de 100% contra produtos chineses levou algumas criptomoedas a despencarem até 30%, apagando mais de US$ 800 bilhões de valor de mercado.
Sobre o cenário do crédito, Camargo destacou as falas do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, e os eventos de falências dos últimos dois dias. “O cenário de crédito de bancos regionais fica mais difícil, como vimos no começo de 2023 com a quebra do SVB. Então, esses temores voltam a contaminar o mercado”, aponta.
Mesmo assim, o especialista diz que o prognóstico de médio prazo para as criptomoedas segue positivo e as crises macroeconômicas são apenas um “chacoalhão” de curto prazo.
Do lado técnico, a consultoria Vault Capital diz em relatório que o ideal para os compradores de bitcoin agora seria defender a região psicológica dos US$ 100 mil. “Conseguir recuperar o nível dos US$ 108 mil reforçaria o sinal de força e poderia reabrir espaço para estabilização do preço”, afirmam.
Nos fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista que operam nas bolsas americanas, foi registrado ontem um saldo líquido negativo de US$ 530,9 milhões.
O principal responsável pelo fluxo vendedor foi o ARKB, da Ark Invest, com US$ 275,2 milhões de excesso de vendas de cotas em relação às compras.
Já nos ETFs de ether, foi registrado um fluxo negativo de US$ 56,8 milhões. O principal alvo da saída de recursos foi o ETHE, da Grayscale, com US$ 69 milhões.

