Por volta de 18h50 (horário de Brasília), a primeira e maior criptomoeda em valor de mercado era negociada US$ 80.800, recuo de 2%, nas últimas 24 horas, segundo a plataforma agregadora de dados Coingecko. A mínima do período foi de US$ 80 mil e a máxima de US$ 84.200. Variações entre 1% e 2%, no mercado cripto, são consideradas mais próximas da estabilidade.
Os índices das bolsas de Nova York fecharam em forte queda, diante de novas ameaças de tarifas anunciadas pelo presidente americano Donald Trump. Entre os índices aos quais o bitcoin se correlaciona, S&P 500 recuou 1,3% e o Nasdaq caiu 1,96%.
No sentido contrário, o ouro, um ativo considerado seguro e como reserva de valor, registrou novo recorde de preço, encostando nos US$ 3 mil.
Beto Fernandes, analista da Foxbit, explica que essa aparente estabilidade do bitcoin diante do desempenho negativo de outros ativos de risco acontece em função do “timing”.
Após um período de ganhos significativos, os mercados costumam “corrigir” os preços, registrando forte queda, os investidores passam a vender para embolsar seus lucros. É o que vem acontecendo com os índices acionários americanos, com o gatilho disparado pela política comercial adotada por Trump com vários países e a aplicação de sobretaxas em produtos importados pelos Estados Unidos.
Fernandes aponta que o bitcoin já passou por esse período de correção, iniciado em janeiro, após a cripto bater seu recorde de preço, de US$ 109 mil, com a euforia gerada pela eleição de Trump.
“O bitcoin já liquidou o que ele precisava liquidar, enquanto os mercados acionários começaram a passar por esse processo agora”, afirma. “Por mais que o bitcoin esteja muito atrelado a ações de tecnologia e ativos de risco em geral, se antecipa a movimentos de correção, apesar de já ser considerado um ativo do mercado financeiro tradicional.”
Segundo o analista, havia uma expectativa muito alta com a posse do Trump, gerando um aumento da especulação. Mas foi frustrada, pois não houve nenhuma medida concreta imediata em torno de favorecer o mercado cripto. Daí a realização de lucros antecipada do bitcoin.
“Os agentes de mercado avaliam os impactos negativos dessas medidas nas economias globais e os ruídos vão afetar S&P, Nasdaq, Dow Jones e o bitcoin também, porque está tudo interligado”, pondera. “Por mais que sejam setores completamente diferentes, ainda têm uma correlação muito forte dos índices acionários com o bitcoin, porque são investimentos classificados como investimento de risco.”
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_f035dd6fd91c438fa04ab718d608bbaa/internal_photos/bs/2024/7/e/xzRkJQQOKImO6BCZg8fA/gettyimages-1327867338.jpg)