O bitcoin (BTC) opera em alta nesta sexta-feira (14), mas é pouco para reverter a derrocada dos últimos dias. No acumulado de sete dias, o bitcoin despenca 6,5%, enquanto a segunda maior criptomoeda em valor de mercado, o ether (ETH), desaba 12,1%.
A forte queda veio por uma combinação de fatores que vai da guerra comercial empreendida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e sua recusa em responder sobre a possibilidade do país entrar em recessão, até a decepção de parte dos investidores com o que foi anunciado até agora acerca da reserva estratégica de ativos digitais dos EUA. A previsão é de que o estoque será formado pelas criptomoedas apreendidas pelas autoridades, porém sem que haja compras de moedas digitais adicionais, algo que frustrou parte do mercado, que esperava o apoio da demanda compradora da maior economia do mundo.
Perto das 11h56 (horário de Brasília), o bitcoin sobe 1,3% em 24 horas, cotado a US$ 83.099 e o ether, moeda digital da rede Ethereum, tem alta de 1,8% a US$ 1.915, conforme dados do CoinGecko. O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo é de US$ 2,8 trilhões. Em reais, o bitcoin fica estável a R$ 478.157, de acordo com valores fornecidos pelo Cointrader Monitor.
Entre as altcoins (as criptomoedas que não são o bitcoin), o XRP, token de pagamentos internacionais da Ripple, avança 0,5% a US$ 2,33. Já a solana tem alta de 4,7% a US$ 130,94 e o BNB (token da Binance Smart Chain) registra ganhos de 0,6% a US$ 584,20.
Segundo Paulo Camargo, CIO da Underblock, a queda do bitcoin nas últimas semanas tem muito a ver com a correlação da criptomoeda com os mercados de risco tradicionais, em especial as bolsas americanas. “Isso é uma consequência da guerra comercial que tem sido travada por Trump. Esse é o estilo de governo dele, a questão é que agora ele está cada vez mais falando que não se importa com o que vai acontecer com o mercado de ações no curto prazo”, afirma.
Camargo lembra, contudo, que a inflação dos EUA ao consumidor e ao produtor vieram abaixo do esperado, o que coloca na mesa a possibilidade de novos cortes da taxa de juros americana pelo Federal Reserve (Fed). “Isso é positivo para o mercado cripto desde que não vejamos uma escalada ainda maior na guerra comercial”, destaca.
Usando análise técnica, Rafael Bonventi, analista da Bitget, diz que o bitcoin continua preso em uma faixa definida, com resistência chave entre US$ 83.718 até US$ 85.500 e suporte crítico entre US$ 78.885 e US$ 81.022. “Para validar o cenário altista, o preço precisa romper US$ 85.474, o que poderia impulsionar um movimento até a região de US$ 92.000 a US$ 93.000. Por outro lado, se perder os US$ 78.885, aumenta a probabilidade de mais uma pernada de baixa”, avalia.
Nos fundos negociados em bolsa (ETFs) de bitcoin à vista que operam nas bolsas americanas, foi registrado ontem um saldo líquido negativo de US$ 135,2 milhões. Os destaques ficaram por conta do FBTC, da Fidelity, com US$ 75,5 milhões de excesso de vendas de cotas em relação às compras, e do ARKB, da Ark Invest, com US$ 60,2 milhões.
Entre os ETFs de ether, o dia foi de um fluxo negativo de US$ 73,6 milhões, no sétimo pregão seguido de saques. O fundo mais penalizado foi o ETHE, da Grayscale, com US$ 41,7 milhões em saídas.