A grande questão é que a gente está falando de uma internet que é global, enquanto as leis são nacionais. Então sempre existe a possibilidade de você simplesmente alocar os seus recursos, seus treinamentos, seus data centers e tudo mais, para países mais permissivos.
Pedro Henrique Ramos
O PL da IA deve trazer alguma forma de obrigar empresas de tecnologia a remunerar os donos de dados nas vezes em que usarem essas informações para treinar a IA.
Para o especialista, há três caminhos para a questão: liberar amplamente o uso do que está aberto na internet, criar um regime intermediário com pedidos de retirada de obras da memória das IAs ou adotar uma linha em que nada é usado sem pagamento. Para Ramos, o cenário global força empresas a buscar países com regras mais flexíveis.
Ramos reconhece que liberar o uso de dados protegidos por direitos para treinar IA favorece gigantes como Google e Meta, mas diz que a disputa opõe grandes conglomerados: de um lado, as big techs que usufruem dos dados para treinar modelos; do outro, grupos de mídia e entretenimento que gastam dinheiro para construir produtos protegidos por direitos autorais.
Ele destaca, porém, que a indústria criativa, ainda que veja os royalties diminuírem, pode até sair ganhando, com aumento de produtividade. Essa conclusão faz parte de um estudo publicado pelo Reglab recentemente que analisou 50 pesquisas e levantamentos feitos no mundo todo a respeito dos impactos econômicos da inteligência artificial na indústria criativa.


