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Cometa interestelar 3I/ATLAS emite sinal de rádio pela primeira vez e surpreende cientistas

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Astrônomos que trabalham com o radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul, conseguiram registrar pela primeira vez um sinal de rádio vindo do cometa 3I/ATLAS, um objeto interestelar que está atravessando o Sistema Solar e logo vai embora dele. A detecção aconteceu no dia 24 de outubro, quando o cometa estava a 3,76° do Sol, depois de duas tentativas frustradas em setembro.

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O QUE ACONTECEU

O 3I/ATLAS foi descoberto em 1º de julho de 2025 pelo Sistema de Alerta Final de Impacto de Asteroides (ASTLS). Logo depois, confirmou-se que ele era o terceiro objeto interestelar já identificado, os outros dois foram 1I/‘Oumuamua e 2I/Borisov. Desde então, cientistas de vários países acompanham sua trajetória. O comportamento típico de cometa, com liberação de gases e formação de uma coma (nuvem ao redor do núcleo), mostra que ele é um corpo gelado vindo de fora do nosso sistema, viajando sozinho há bilhões de anos.

O cometa chegou ao ponto mais próximo do Sol (periélio) em 29 de outubro. Era o momento ideal para estudar sua composição, mas ele ficou escondido atrás do Sol por um tempo. Agora que voltou a aparecer, os telescópios voltaram a observá-lo para entender como essa aproximação afetou o objeto — algo que pode ter acontecido pela primeira vez em bilhões de anos.

Sinal de rádio confirmado

A radioastronomia permite descobrir do que são feitos os corpos celestes por meio das ondas de rádio que eles emitem ou absorvem. No caso do 3I/ATLAS, o MeerKAT detectou moléculas de hidroxila (OH), liberadas quando o gelo do cometa se aquece e a água se separa com a luz do Sol.

Segundo os pesquisadores, os dados de outubro mostraram sinais claros dessas moléculas, algo que não apareceu nas observações anteriores, feitas em setembro. Isso indica que a atividade do cometa aumentou naturalmente conforme ele se aproximou do Sol.

O astrofísico Avi Loeb, de Harvard — conhecido por suas teorias sobre possíveis naves alienígenas — comentou o achado em seu blog. Ele explicou que, quando o 3I/ATLAS estava a 1,38 vezes a distância entre a Terra e o Sol, sua temperatura de superfície era de cerca de –43 °C. Esse aquecimento gerou o tipo de sinal que o MeerKAT registrou, confirmando os cálculos esperados.

Apesar de Loeb mencionar novamente a possibilidade de uma origem artificial, os dados reforçam que o 3I/ATLAS é um cometa natural. As ondas de rádio observadas batem com o comportamento normal de desgaseificação: quando o gelo evapora, a água se divide em radicais hidroxila por causa da radiação solar.

Pesquisas citadas pelo Live Science lembram que esse processo é típico de cometas ativos. Já haviam sido observados jatos de água saindo do 3I/ATLAS “como uma mangueira de incêndio”, e agora parte dessa água está sendo quebrada pela luz do Sol.

Mesmo assim, Loeb questionou o tamanho do objeto, estimado em cerca de 9,6 km de diâmetro e 50 bilhões de toneladas, dizendo que isso poderia indicar algo fora do comum: “Por que o terceiro objeto interestelar que encontramos é tão grande, antes mesmo de vermos milhões de outros menores, como o ‘Oumuamua?”, escreveu ele.

A maioria dos cientistas, porém, descarta essa ideia. Para eles, tudo indica que o 3I/ATLAS é um cometa interestelar antigo, expulso de um sistema estelar distante há até 7 bilhões de anos.

Atualmente, o cometa está a cerca de 327 milhões de quilômetros da Terra e deve chegar ao ponto mais próximo do nosso planeta em 19 de dezembro de 2025. Entre os dias 2 e 25 de dezembro, a sonda JUICE, da Agência Espacial Europeia (ESA), deve realizar observações detalhadas do objeto.

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