Uma viúva de San Jose, San Francisco, Califórnia, que acreditava ter encontrado um novo parceiro romântico online, perdeu quase US$ 1 milhão em um golpe de criptomoedas conhecido como “abate de porcos” (‘Pig-Butchering’) e só percebeu isso depois de perguntar ao ChatGPT se a oferta de investimento fazia sentido.
De acordo com uma reportagem da ABC7 News, emissora sediada em San Jose, o esquema drenou suas contas de aposentadoria e a deixou em risco de perder sua casa.
A mulher, Margaret Loke, conheceu um homem que se identificava como “Ed” no Facebook em maio passado. O relacionamento rapidamente migrou para o WhatsApp, onde o homem, alegando ser um empresário rico, enviava mensagens carinhosas diariamente e a incentivava a se abrir com ele.
À medida que o relacionamento online se aprofundava, as conversas diárias nunca cessaram.
“Ele foi muito gentil comigo, me cumprimentava todas as manhãs”, disse Loke à ABC7 News. “Ele me manda uma mensagem de ‘bom dia’ todos os dias. Ele diz que gosta de mim.”
As conversas logo se voltaram para investimentos em criptomoedas. Loke disse que não tinha experiência em negociação, mas “Ed” a orientou sobre como transferir fundos para uma conta online que “ele” controlava.
Segundo Loke, Ed mostrou a ela uma captura de tela de um aplicativo que mostrava ela obtendo “um grande lucro em segundos”, uma tática comum nesse tipo de golpe, que usa resultados fabricados para convencer as vítimas de que seu dinheiro está rendendo.
Os golpes de abate de porcos são fraudes elaboradas em que os golpistas criam um relacionamento com a vítima ao longo de semanas ou meses antes de direcioná-la para plataformas de investimento falsas e drenar suas economias.
Em agosto, a Meta afirmou ter removido mais de 6,8 milhões de contas do WhatsApp ligadas a golpes de abate de porcos.
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Conforme o golpe progredia, Loke disse que enviou uma série de transferências cada vez maiores, começando com US$ 15 mil, que chegaram a mais de US$ 490 mil de sua conta de aposentadoria.
Ela acabou contraindo uma segunda hipoteca de US$ 300 mil e também transferiu esse valor. Ao todo, ela enviou quase US$ 1 milhão para contas controladas pelos golpistas.
Golpe exposto por um aliado improvável
Quando sua suposta conta de criptomoedas repentinamente “congelou”, “Ed” exigiu mais US$ 1 milhão para liberar os fundos. Em pânico, Loke descreveu a situação ao ChatGPT.
“O ChatGPT me disse: ‘Não, isso é um golpe, é melhor você ir à delegacia”, contou ela à ABC7.
A inteligência artificial respondeu que a situação correspondia a padrões de golpes conhecidos, o que a levou a confrontar o homem com quem acreditava estar namorando e, em seguida, a contatar a polícia.
Investigadores confirmaram posteriormente que ela estava enviando dinheiro para um banco na Malásia, de onde era sacado por golpistas.
“Por que sou tão estúpida? Deixei ele me enganar!”, disse Loke. “Eu estava realmente muito deprimida.”
O caso de Loke é o exemplo mais recente de como o ChatGPT está sendo usado para desmascarar golpistas.
Na semana passada, um profissional de TI em Delhi disse ter “codificado por meio de intuição” um site que lhe permitia determinar a localização e a foto de um possível golpista.
A OpenAI não respondeu imediatamente ao pedido de comentário do Decrypt.
Tendência crescente de crimes cibernéticos
Segundo o Centro de Reclamações sobre Crimes na Internet (IC3) do FBI, US$ 9,3 bilhões foram perdidos em golpes online direcionados a idosos americanos em 2024.
Muitos desses golpes tiveram origem na Europa ou em complexos no Sudeste Asiático, onde grandes grupos de golpistas visam vítimas internacionais. Em setembro, o Departamento do Tesouro dos EUA sancionou 19 entidades em Mianmar e Camboja por aplicarem golpes em cidadãos americanos.
“A indústria de golpes cibernéticos no Sudeste Asiático não apenas ameaça o bem-estar e a segurança financeira dos americanos, mas também sujeita milhares de pessoas à escravidão moderna”, disse John K. Hurley, Subsecretário do Tesouro para Terrorismo e Inteligência Financeira, em um comunicado.
A Comissão Federal de Comércio (FTC) e a Comissão de Valores Mobiliários (SEC) dos EUA alertam que o “aconselhamento” não solicitado sobre criptomoedas, que começa dentro de um relacionamento online, é uma característica marcante de golpes de relacionamento — fraudes de longo prazo em que o golpista constrói confiança emocional antes de induzir a vítima a investimentos falsos.
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O caso de Loke seguiu esse padrão, com pressão crescente para depositar cada vez mais dinheiro.
Órgãos reguladores federais alertam que recuperar fundos de ataques desse tipo no exterior é extremamente raro depois que o dinheiro sai dos canais bancários dos EUA, deixando vítimas como Loke com poucas opções de restituição.
* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.
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