O dólar americano enfrenta um momento de instabilidade, com a incerteza económica e decisões erráticas a colocarem em causa a fiabilidade dos títulos do Tesouro norte-americano. Este enfraquecimento do USD levanta uma questão crucial para o mercado cripto: o que significa para as negociações em BTC-EUR e como afeta todos os investidores e os simples entusiastas de criptoativos? Vamos analisar.
Nos últimos tempos, o dólar americano tem atravessado um período sensível. à fala de outra palavra. A incerteza económica levanta sérias dúvidas quanto ao futuro dos Estados Unidos, ao passo que as decisões erráticas tomadas ao mais alto nível colocam em causa, talvez pela primeira vez, a fiabilidade dos títulos do Tesouro norte-americano.
Tendo em conta que o par BTC-USD sempre foi o mais influente e transacionado no universo cripto-fiduciário, o que é que este enfraquecimento do USD significa para o futuro das negociações em BTC EUR? E, mais importante ainda, que implicações terá para os investidores e entusiastas de criptoativos?
BTC torna-se menos centrado no USD
Tradicionalmente, o BTC tem sido avaliado sobretudo em relação ao USD, mas, à medida que a moeda perde o seu “brilho”, a dinâmica começa a alterar-se. À medida que o par BTC-USD se torna mais instável, as referências de preço por todo o mercado são afetadas, e os investidores habituados a confiar nas cotações em USD veem-se de repente forçados a ajustar rapidamente as suas expectativas.
Face a estas novas circunstâncias, cada vez mais transações estão a migrar para outras moedas, como o euro, o iene japonês e até mesmo stablecoins. O que há pouco tempo se considerava impensável, torna-se agora realidade — há quem considere o dólar um ativo demasiado arriscado. Deste modo, já muitos investidores portugueses se aperceberam que os pares denominados em USD já não oferecem a mesma segurança de antigamente.
O charme original do Bitcoin — enquanto ativo descentralizado e imune a falhas sistémicas — ganha novo relevo quando uma das principais moedas fiduciárias começa a vacilar. Para muitos que sempre duvidaram das narrativas do tipo “demasiado grande para ruir”, o Bitcoin parece estar finalmente a ir de encontro ao seu propósito.
No caso concreto dos investidores portugueses, esta mudança já se faz sentir a nível mental. Já começam a pensar cada vez mais em Bitcoin diretamente em termos do euro ao invés de o converterem mentalmente a partir do USD. Afinal, se usam o euro para pagar as contas, compras e até mesmo os seus impostos, porque não transacionar diretamente na moeda que utilizam diariamente?
A cotação em EUR oferece maior estabilidade
Atualmente, a Europa não enfrenta os mesmos desafios inflacionários que os EUA. Ainda que os preços tenham subido, o euro não sofreu tanto quanto o USD em termos de confiança internacional. Para os investidores portugueses, isto torna o par BTC-EUR uma opção mais segura.
O Banco Europeu Central opera de maneira diferente da Reserva Federal norte-americana. Ainda que mais cautelosa ou até mesmo mais lenta, é esta postura que confere ao euro uma maior credibilidade. Em tempos de incerteza, é precisamente esse o tipo de previsibilidade que os investidores valorizam.
Se comparar os gráficos BTC-EUR com os BTC-USD, irá notar que as tendências são, geralmente, mais claras e estáveis. Isto não significa que o Bitcoin se comporta de maneira diferente na Europa — é a moeda fiduciária subjacente que apresenta menor volatilidade. E isto é crucial quando se planeia estratégias de investimento a médio e longo prazo.
A preferência por transações em BTC-EUR não se limita aos day traders. Até mesmo os investidores portugueses de perfil mais conservador começam a optar por manter os seus ativos digitais numa moeda que lhes é familiar. Tal torna o investimento em Bitcoin menos especulativo e mais alinhado com uma estratégia financeira realista.
Investidores reavaliam estratégias de proteção
O Bitcoin costumava ser visto como uma proteção contra a inflação. Contudo, para muitos investidores, está agora a transformar-se numa mais-valia contra o próprio dólar. Se o USD continuar a desvalorizar, depender demasiado de ativos denominados nessa moeda, incluindo digitais, poderá representar um risco oculto que muitos preferem evitar.
Neste contexto, o número de investidores que começam a encarar o Bitcoin como parte de um portfólio diversificado e não apenas como um ativo isolado de alto risco tem vindo a crescer cada vez mais. Em vez de apostar unicamente na valorização do BTC, muitos veem-no como um escudo complementar ao ouro, ao imobiliário e a outros ativos tradicionais.
Está também em curso um interessante debate entre os defensores de metais preciosos e os entusiastas do Bitcoin. Países como Portugal têm uma forte tradição cultural ligada a ativos físicos como o ouro, mas são cada vez mais os que argumentam que o Bitcoin é o seu equivalente moderno — uma reserva de valor digital.
Esta tendência não se limita aos investidores individuais. Gestores de património e consultores financeiros em todo o país começam, discretamente, a implementar estratégias que incluem a exposição a ativos digitais nas carteiras dos seus clientes. Fazem-no com prudência, claro, mas o simples facto de o setor financeiro tradicional considerar o Bitcoin já é, por si só, revelador.
Conclusão
Quando o dólar vacila, tudo aquilo a ele relacionado se torna instável, incluindo o mercado cripto. Porém, para os investidores portugueses, esta mudança pode abrir portas para novas oportunidades. Pensar em euros ao invés de dólares não é apenas uma questão cambial — é uma questão de autonomia, estratégia e de proximidade com a realidade local.
Consoante mais investidores optam pelo par BTC-EUR, mais força ganha o euro no ecossistema cripto. Quer se trate de investimentos a longo-prazo ou de estratégias de proteção, este poderá ser o momento perfeito para repensar a sua abordagem. O declínio do dólar pode muito bem ser o ponto de viragem para o reforço da posição da Europa no universo dos ativos digitais.



