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Crônica, por Eduardo Affonso: A vizinha de cima

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– Delegacia de Polícia, bom dia.

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– Bom dia, eu queria fazer um boletim de ocorrência de desaparecimento.

– Pois não. Quem desapareceu?

– Minha vizinha de cima.

– Há quanto tempo?

– 15 minutos.

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– 15 minutos?

– Sim. Há 15 minutos ela não arrasta móveis, e estou preocupado que possa ter acontecido alguma coisa com ela.

– Senhor…

– É sério. Ela nunca ficou tanto tempo sem arrastar nada. Se puderem mandar uma viatura…

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– …

– Alô, alô!

~~~

– Delegacia de Polícia, bom dia.

– Olha, sou eu de novo. A minha vizinha de cima…

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– Senhor, nós temos casos graves para apurar, e o senhor não devia ligar passando trote.

– Não é trote. A vida dela pode estar em risco. Ela começou o dia normalmente, arrastando móveis às 6h45. Faz isso todos os dias, de sábado a sábado. Arrastou ininterruptamente até as 8h30 e aí parou. Pode ter tido um mal súbito. Por favor, mandem o Samu.

– O senhor já considerou a hipótese de que ela possa ter ido ao banheiro?

– Eu acho que ela nunca vai ao banheiro, porque lá não dá para arrastar nada, mas vou verificar. Guentaí.

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– …

– Alô. Alô!

~~~

– Delegacia de Polícia, bom dia.

– Olha, sou eu de novo. Agora é só pra me desculpar; vocês estavam certos. Não aconteceu nada de grave com a minha vizinha de cima. Ela está no banheiro.

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– Tem certeza, então? Não precisamos mesmo mandar viatura nem Samu?

– Não, não. Ela está bem. Já começou a arrastar o bidê.

Eduardo
(arquivo pessoal/Arquivo pessoal)

 

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