O desrespeito do governador do estado com a entidade que representa os trabalhadores da educação, o Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT) foi destaque durante entrevista do presidente da Central Única dos Trabalhadores de Mato Grosso (CUT-MT), professor Henrique Lopes, ao programa Opinião, da Rádio CPA FM (105.9).
O Sintep-MT, entidade filiada à CUT, ganhou destaque na entrevista sobre o mundo do trabalho quando o sindicalista foi questionado pelo radialista Geremias Santos sobre as polêmicas que o governador do estado tem promovido contra o Sintep-MT.
O presidente da CUT-MT esclareceu os fatos ocorridos entre o sindicato da educação e governo Mauro Mendes, já que também integra a direção central do Sintep-MT. Henrique Lopes ressaltou que os desafios da classe trabalhadora são inúmeros, após a
Reforma da Previdência do governo Bolsonaro. Contudo, os servidores públicos, em especial de Mato Grosso, sofrem perdas recorrentes. E entre as categorias do executivo estadual, a mais penalizada é a educação, pois figura entre os menores salários do governo estadual.
“Na visão do empresário Mauro Mendes os trabalhadores da educação não têm o direito sequer de reclamar. É uma categoria que recebe abaixo da média dos demais trabalhadores do executivo. Não se trata de dizer que os salários de todos está bom. Na comparação com os demais o salário está achatado, isso inclusive por uma decisão do governador que ao assumir o estado judicializou a Lei 510, dizendo que era impraticável, ilegal. Criou subterfúgios para não cumprir com a lei que estava recuperando a dignidade salarial dos profissionais da educação”, esclareceu.
Henrique pontuou também as estratégias utilizadas pelo governador, na tentativa de calar as cobranças do Sintep-MT. Ressaltou a impessoalidade com que o chefe de estado lida com as questões sindicais, recebendo as críticas como endereçadas à pessoa, ao “CPF de Mauro Ferreira Mendes”, o que não é próprio da administração pública. Entre as práticas, o sindicalista cita o apadrinhamento do governo a uma associação de servidores da educação.
“Não temos nada contra a criação de uma associação, estamos num país democrático, agora uma associação querer substituir o papel de um sindicato, aí a coisa começa a se complicar”, cita Henrique.
Para o dirigente é “lamentável” que alguém que se coloque na condição de chefe de estado, queira interferir no processo de organização dos trabalhadores e trabalhadoras do estado de Mato Grosso. “Isso é um crime”, destacou enquanto presidente da CUT-MT sobre o que considera prática antissindical do governo.
O entrevistado citou entre as mais novas manobras implementadas pelo estado, o uso do Ideb. (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) para dar a falsa impressão de que a qualidade da educação melhorou em Mato Grosso. “Quem dera que tivesse tido melhora na aprendizagem aqui no estado. Qualquer mexida em um dos indicadores (aprovação, evasão e aprendizagem) vai maquiar o resultado. O Sindicato recebeu denúncia dos profissionais e encaminhou ao Ministério Público relatos de adulterações nas avaliações feitas pelos professores. Essa foi uma manobra para melhorar o Ideb de Mato Grosso, a exemplo do que aconteceu com vários outros estados, como o Pará e outros”, afirma.
Segundo o sindicalista, a luta do Sintep-MT é pelo sucesso da educação, mas com as medidas necessárias como: valorização profissional, gestão democrática, infraestrutura, para que os estudantes saiam da escola com as condições para enfrentar o mundo do trabalho.