Uma nova pesquisa realizada pelo Instituto Datafolha revelou que a maioria dos brasileiros hoje rejeita o modelo tradicional de emprego regido pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).
Segundo o levantamento, 59% dos entrevistados afirmaram que preferem trabalhar por conta própria, enquanto apenas 39% disseram se sentir mais confortáveis com a estabilidade de um emprego formal.
Datafolha revela que 59% dos brasileiros não querem trabalho CLT
A CLT, que estabelece direitos como férias, 13º salário e proteção contra demissão sem justa causa, tem como função garantir segurança jurídica e benefícios aos trabalhadores, além de impor deveres tanto para empregados quanto para empregadores.
Apesar disso, os dados indicam que cresce no país uma disposição em abrir mão dessas garantias em troca de maior autonomia e, muitas vezes, de uma remuneração mais alta.
Esse movimento reflete uma mudança cultural impulsionada por transformações no mercado de trabalho, como a popularização dos aplicativos e a busca por flexibilidade, além de ser impactado pela atual taxa de desemprego, que está em um dos menores patamares da história recente.
A pesquisa também revelou diferenças importantes entre grupos sociais e econômicos. Entre os brasileiros que ganham até dois salários mínimos, a maioria ainda valoriza o emprego formal — 72% dizem preferir a carteira assinada, mesmo que isso signifique receber menos.
Já entre aqueles que têm renda superior a dez salários mínimos, esse percentual cai para 56%, mostrando que, quanto maior o poder aquisitivo, menor é a dependência da proteção garantida pela CLT.
Política e idade também influenciam escolha pela CLT
O recorte político também tem peso nesse cenário. Entre os eleitores do Partido dos Trabalhadores (PT), liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, 73% preferem o vínculo formal.
No entanto, essa preferência despenca para 54% entre os simpatizantes do Partido Liberal (PL), do ex-presidente Jair Bolsonaro, grupo onde prevalece a visão de que ser autônomo é mais vantajoso.
A pesquisa ainda indica que a faixa etária influencia nessa escolha: os mais jovens, especialmente entre 16 e 24 anos, mostram forte inclinação pelo trabalho informal, enquanto os mais velhos seguem priorizando a estabilidade proporcionada pela CLT.
Especialistas acreditam que esse fenômeno deve se intensificar nos próximos anos, à medida que cresce a pressão para flexibilizar as leis trabalhistas e reduzir encargos sobre as empresas.