A Bitcoin atingiu recentemente uma capitalização de mercado de cerca de 2,1 biliões de dólares (1,8 biliões de euros), desafiando o ouro como principal reserva de valor para bancos centrais e investidores globais. O valor representa aproximadamente um terço dos 6,1 bilhões de dólares (5,2 biliões de euros) estimados em ouro detidos por investidores e instituições financeiras, segundo dados do World Gold Council.
Negociado atualmente em torno dos 110 mil dólares, o ativo digital valorizou-se cerca de 1.100% nos últimos cinco anos, com uma valorização de 16% só em 2025. Em comparação, o ouro alcançou máximas históricas neste ano, valorizando-se 27% e sendo cotado em cerca de 3.346 dólares por onça.
Apesar do crescimento, a Bitcoin mantém uma volatilidade elevada, com fortes oscilações nos últimos anos: após cair 64% em 2022, teve ganhos superiores a 100% em 2023 e 2024. Esta instabilidade faz com que o ativo não seja recomendado para investidores avessos ao risco.
Mas, a Bitcoin é realmente um ativo de refúgio? Especialistas divergem sobre o tema, como revela o ‘elEconomista’. Victoria Torre, chefe de Ofertas Digitais do Self Bank, alerta para a dificuldade de avaliar objetivamente a Bitcoin, uma vez que, diferentemente de ações ou ouro, não gera fluxos de caixa, vendas ou lucros. “Não há como determinar se está sobrevalorizado ou não, e isso pode indicar que estamos diante de uma nova bolha”, afirmou.
Por outro lado, o protocolo da Bitcoin prevê um limite máximo de 21 milhões de unidades, reforçando o conceito de escassez semelhante ao ouro, que justifica seu valor. Alberto Goyanes, chefe da Renta 4 Digital Assets, explica que esta característica é um dos motivos que tornam o Bitcoin um potencial porto seguro.
Para o final deste ano, analistas da Renta 4 estimam que o preço da Bitcoin poderá alcançar entre 120 mil e 140 mil dólares, elevando sua capitalização. O apoio de líderes políticos favoráveis às criptomoedas, como Donald Trump, pode impulsionar ainda mais este crescimento, inclusive com a possibilidade dos EUA criarem uma reserva estratégica de Bitcoin, similar à reserva de ouro.
Javier García de la Torre, diretor da Binance para Espanha e Portugal, ressalta que o futuro do Bitcoin dependerá de fatores como maior regulação, adoção institucional e cenários macroeconômicos, incluindo taxas de juros e inflação. “Nos últimos 12 meses, o interesse institucional tem crescido de forma significativa, ampliando a diversificação dos portfólios”, concluiu.