Pular para o conteúdo

‘Dependência de big techs expõe países a vulnerabilidades digitais’, alerta especialista em cibersegurança

Banner Aleatório

A falha interna na Cloudflare, um dos principais sistemas de sustentação da internet, que derrubou plataformas como o X (ex-Twitter), o ChatGPT e o Canva, reforçou o debate sobre a concentração da infraestrutura digital mundial. Segundo o professor do Insper e especialista em cibersegurança Rodolfo Avelino, “hoje temos alguns players, algumas empresas, que têm basicamente 70% a 72% da infraestrutura da internet”, o que faz com que qualquer instabilidade tenha impacto global.

Banner Aleatório

Ele explica que, neste caso, não houve um ataque, mas “um problema interno em uma atualização de um dos sistemas da Cloudflare”. A empresa atua como uma camada de proteção entre usuários e servidores finais, barrando conexões maliciosas. Por isso, diz, “esse tipo de infraestrutura é tão essencial quanto rodovias, quanto portos e até mesmo redes elétricas”.

Avelino alerta que o domínio de poucas big techs cria riscos políticos e jurídicos. “Temos uma simetria de poder cruel demais”, critica. A dependência, afirma, é também geopolítica, já que países fora do eixo Estados Unidos–China ficam sujeitos a legislações estrangeiras e a padrões culturais impostos por plataformas. “Cria-se também dependências cognitivas, dependências culturais”, aponta.

O professor destaca ainda que o Brasil se tornou um polo estratégico de data centers, impulsionado pela matriz energética limpa e por políticas como o programa Redata, que estimula data centers e impulsiona economia digital no país. Mas chama atenção para o caso do Ceará. “Esse projeto está sendo instalado dentro de uma reserva ou de um território indígena. Os indígenas, os Anacés, têm direito àquele espaço”, pondera.

Avelino avalia que o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD) são importantes, mas insuficientes. “Não é o suficiente porque a questão não é resolvida apenas tecnologicamente”, afirma. Ele reforça que, por conta do compartilhamento dos dados dos usuários, novembro tende a concentrar mais fraudes digitais. “Existe um aumento muito grande desse tipo de fraude que nos ataca financeiramente”, alerta.

Sobre crimes envolvendo inteligência artificial, como o uso de Inteligência Artificial (IA) para criar nudes, o especialista lembra que o marco legal da IA continua travado no Congresso. Ele cita também o PL 3821/2024, que criminaliza a criação e divulgação de conteúdos íntimos falsos. Com as eleições em 2026, ele ressalta que o risco do uso indevido desse tipo de tecnologia é ainda maior. “Não tínhamos a quantidade de ferramentas de inteligência artificial que temos disponíveis hoje”, aponta, defendendo punições fortes para quem produz desinformação digital.

Para ouvir e assistir

O jornal Conexão BdF vai ao ar em duas edições, de segunda a sexta-feira: a primeira às 9h e a segunda às 17h, na Rádio Brasil de Fato98.9 FM na Grande São Paulo, com transmissão simultânea também pelo YouTube do Brasil de Fato.

Source link

Join the conversation

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *