Com aumento de empresas e comércios abrindo no município, pessoas com deficiência questionam falta de vagas de trabalho.
As vagas de emprego para pessoas com deficiência (PCDs) são oportunidades de trabalho especificamente destinadas a profissionais que possuem algum tipo de deficiência, seja ela física, sensorial, intelectual ou múltipla. Essas vagas visam garantir a inclusão e a igualdade de oportunidades no mercado de trabalho, assegurando que PCDs possam exercer suas funções e contribuir ativamente para a sociedade.
A lei que regulamenta a destinação de vagas para pessoas com deficiência (PCDs) no Brasil é a Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Esta lei estabelece que empresas com 100 ou mais empregados devem reservar um percentual de suas vagas para PCDs, variando de 2% a 5%, dependendo do número total de funcionários.
Além disso, a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015) também reforça os direitos das pessoas com deficiência e promove a inclusão em diversos aspectos, incluindo o trabalho.
Garantir que PCDs tenham acesso ao mercado de trabalho é um passo fundamental na luta pelos direitos humanos. Todo indivíduo, independentemente de suas limitações, merece a oportunidade de trabalhar e contribuir para a sociedade.
As empresas devem garantir que o ambiente de trabalho seja acessível, proporcionando condições adequadas para que PCDs possam desempenhar suas atividades sem barreiras.
As vagas podem abranger diversas áreas e funções, desde cargos administrativos até posições técnicas e operacionais, dependendo das habilidades e competências dos candidatos.
VAGAS EM CAMPOS NOVOS
A equipe do Jornal O Celeiro, conversou com a diretora do Agiliza, Letícia Kaiper, sobre as vagas de emprego destinadas na cidade através do Sistema Nacional de Emprego (SINE).
Segundo a diretora, Campos Novos não possui uma lei municipal que defina a porcentagem de vagas que as empresas locais devem destinar a PCDs, seguindo apenas a lei federal que prevê a destinação de 2% a 5%, a cada 100 funcionários, sendo pequeno o número de vagas divulgadas pelo SINE para esse público.
“No momento não há nenhuma vaga prevista para PCDs, mas como as vagas sofrem atualização diariamente, em outros dias, tínhamos vagas destinadas a PCDs. Realizamos em média de 40 atendimentos por dia aqui no Agiliza e sempre que recebemos as ofertas de vagas divulgamos e marcamos entrevistas de emprego com os interessados de todos os públicos com os representantes das empresas”.
OPINIÃO
O Jornal O Celeiro, ouvi a opinião dos representantes da Associação Camponovense de Apoio aos Deficientes Auditivos e Visuais (ACADAV) e da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), sobre a importância da destinação das vagas e de incentivos para o desenvolvimento do PCDs no ambiente de trabalho.
ACADAV
A coordenadora da ACADAV, Maria Solange dos Santos, comentou que sempre que há vagas disponíveis, as empresas entram em contato com a entidade, e que todos os alunos que são aptos para trabalhar estão trabalhando, em empresas como Bruno Industrial, Estrutural Zortéa, Copercampos e Unoesc, mas que é necessário continuar evoluindo, oportunizando mais oportunidades no mercado de trabalho.
“Nosso principal objetivo é a habilitação e a reabilitação das pessoas com deficiência auditiva e visual, trabalhamos constantemente para que eles se sintam aptos para ingressar ao mercado de trabalho, é muito importante que as empresas percebam que as pessoas com deficiência são capazes de exercer sua função com qualidade a ampliação de vagas é fundamental para caminhamos para um mundo que busca a equidade e garantia de acesso a todos. Além disso, ter trabalho dá dignidade” destacou, Maria Solange.
APAE
O coordenador da APAE, Luiz Augusto de Souza, que tem acompanhando ao longo dos anos, muitos alunos da instituição acessando o mercado de trabalho, mas que infelizmente ainda existe muito preconceito que precisa ser quebrado, para que todos sejam tratados com respeito e sejam valorizados.
“Estamos vendo um crescimento pessoal e profissional muito bom dos alunos que estão trabalhando, em função disso há uma mudança e eles acabam tendo uma vida diferente do que era antes, de ser somente aluno da APAE, alguns deles estão conseguindo conquistar sua casa própria e acabaram se casando, constituindo uma família, acreditamos que muitas outras empresas poderiam abrir as portas para eles, são aquelas que não chegam a esse número de até 100 funcionários, mas infelizmente ainda sabemos que o preconceito existe e estamos nós aí nas instituições, em algumas campanhas sempre falando, que a pessoa com deficiência tem esse direito, em especial depois da nossa Constituição de 1988, garantido o direito de viver, estudar, trabalhar”.
“A maioria dos PCDs locais, trabalham em supermercados, auxiliando a empacotar os alimentos, produtos de limpeza. Muitos conseguem ajudar na higienização, na organização de produtos. Temos também PCDs em demais setores, em outras empresas, como é o caso da BRF, a área alimentícia, são bons colaboradores, porque eles bem treinados, eles conseguem desempenhar muito bem suas funções. Então fica aqui também a nossa dica, que nos procurem sempre que precisar, nós vamos estar indicando esse aluno, também se preciso for, vamos até a empresa orientar as pessoas da maneira correta. E avaliando também algumas áreas que eles podem atuar, porque nós somos uma equipe, formada por fisioterapeuta, psicólogo, assistente social, pedagogo, para que tenha essa assertividade na indicação. Ele não vai estar lá só pra assinar a carteira, ganhar dinheiro e cumprir a cota da empresa, ele vai estar pra produzir, desenvolver-se e ser um colaborador ativo com qualquer outro” afirmou, Luiz Augusto.
*Reportagem publicada no Jornal O Celeiro, Edição 1846 de 12 de setembro de 2024.