Diálogos sobre Inteligência Artificial e Emocional marcam a Jornada Bett Nordeste, no Recife

O evento itinerante apresentou mais de 16 horas de debates, nos dois dias, reunindo o ecossistema educacional com mais de 50 palestrantes convidados


Publicado em 05/09/2024 às 20:35


Com o tema “Inteligência Artificial (IA) e Inteligência Emocional (IE) na educação: o que devemos aprender?”, o evento intinerante Jornada Bett Nordeste, promovido pela Bett Brasil, trouxe debates importantes sobre o uso ético das ferramentas de Inteligência Artificial nas práticas pedagógicas e a importância desenvolver as competências ligadas à Inteligência Emocional nas escolas. 

Realizada em Recife, a jornada apresentou mais de 16 horas de conteúdo, contou com a presença de mais de 50 palestrantes convidados – entre educadores e especialistas da área -, e ainda um espaço de exposição com marcas ligadas ao mercado de Educação.

Nesta quinta-feira (5), no último dia da programação, um dos destaques foi a roda de convera sobre “O poder da emoções na aprendizagem”, que contou com a participação da diretora da Escola Vila Aprendiz, Paula Carneiro Leão; do Pesquisador – Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, Guilherme Brockington; e do Especialista Pedagógico – International School, Luis Fernando Gonçalves. O bate-papo foi mediado pela titular da coluna Enem e Educação deste JC.

“A importância de se entender o papel das emoções passa por tudo na nossa vida, principalmente se a nossa profissão é a de professor. E em sala de aula, as emoções sendo elas positivas ou negativas, vão influenciar de qualquer forma na aprendizagem. Mas, elas podem influenciar de uma maneira que vai ajudar a potencializar essa aprendizagem, ou de maneira a prejudicar esse processo”, disse o pesquisar Guilherme Brockington. 

Ele citou como exemplo o estresse, que tiver em um nível muito alta, pode causar o efeito contrário e fazer com que a pessoa fique paralizada diante de uma ação. “Ele é capaz de te fazer perder toda aquela capacidade que você tinha de entrentar a situação. E nós vivemos em um mundo em que se coloca cada vez mais nos estudantes um peso nos processos educacionais”, afirmou o especialista. 

Em outro paine, o psicólogo e professor Rossandro Klinjey, embaixador e co-fundador do Educa, destacou que a escola não é apenas um local para o desenvolvimento cognitivo, mas também para o desenvolver as competências socioemocionais. “Isso inclui o autoamor, que considero a competência central do indivíduo, como se fosse o sistema operacional da alma. Com o autoamor, você desenvolve todas as outras competências; sem ele, fica difícil estabelecer o que é mais importante para você”, afirmou Klinjey. 

APRENDIZAGEM COMO PROCESSO DE DIÁLOGO

A professora do departamento de Psicologia da UFPE, Marina Pinheiro destacou a importância de lembrar que a aprendizagem é um processo de diálogo, não de entrincheiramento. “Ao falar sobre o que podemos aprender com a IA, é fundamental lembrar que a aprendizagem é, antes de tudo, um processo de diálogo, não de entrincheiramento”, afirmou. Ela observou que inovações tecnológicas, como a Inteligência Artificial, muitas vezes enfrentam resistência na educação, especialmente quando envolvem questões de autoria e autonomia do pensamento. “Há uma preocupação com a emancipação do sujeito enquanto agente que constrói cultura”, disse.

O professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Luciano Meira acrescentou que o primeiro ponto crucial é considerar professores e gestores escolares no centro do processo. “Qualquer implementação de tecnologia, especialmente algo tão sofisticado como a IA, precisa colocar o professor e a gestão escolar no centro das decisões institucionais, garantindo que tudo faça sentido no contexto local”, afirmou. A roda de conversa foi mediada pela titular da coluna Saúde e Bem-Estar, Cinthya Leite, e também contou com a participação do diretor-fundador do Porto Digital, Pierre Lucena. 

DESAFIOS ÉTICOS NA IA

A crescente integração da Inteligência Artificial (IA) nas salas de aula trouxe à tona uma série de desafios éticos sobre seu uso nas práticas pedagógicas. Esse foi um dos temas abordados durante a programação realizada nessa quarta-feira (3).

Ao utilizar tecnologias baseadas em IA na educação, é fundamental garantir a privacidade e proteção dos dados. “É essencial que essas tecnologias respeitem a privacidade dos alunos, coletando apenas os dados necessários e armazenando-os de forma segura, em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)”, enfatizou lessandra Borelli Vieira, sócia do Opice Blum Advogados, uma das palestrantes convidadas.

Ela também ressaltou a necessidade de transparência das instituições e empresas quanto à coleta e uso dos dados dos alunos, além da importância de medidas rigorosas de segurança para proteger essas informações contra vazamentos e ataques. “A escolha das ferramentas de IA deve levar em conta sua capacidade de proteger os dados dos alunos”, acrescentou.

Na mesma linha de discussão sobre IA na Educação, Marcela Valença, superintendente de Educação e Inovação do Núcleo de Gestão do Porto Digital, abordou os desafios de equilibrar o uso de tecnologias emergentes com o desenvolvimento de habilidades socioemocionais em crianças e adolescentes. Participando do painel “Egressos da Educação Básica: Estão prontos para os Desafios da IA e IE?”, Marcela discutiu com Rosana de Moura Costa, analista de soluções educacionais da CESAR School, e Evellyn Carolyne Gomes da Silva, estudante da Residência Tecnológica Porto Digital.

“Vivemos em um mundo cada vez mais complexo, e a integração da IA na educação ainda é um desafio”, afirmou Marcela. Ela sugeriu que a centralidade do aluno deve ser o ponto de partida, enfatizando a necessidade de entender as plataformas que eles utilizam e como interagem com elas. Marcela destacou a importância de ensinar não apenas habilidades tecnológicas, mas também competências como trabalho em equipe e resiliência. “É crucial preparar os alunos para enfrentar desafios e colaborar em ambientes multidisciplinares”, acrescentou.

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