Nelson Karam, economista e coordenador de estudos e pesquisas sobre Trabalho e Meio Ambiente do Dieese, defende a necessidade de mais políticas públicas para incluir mulheres, negros e outros segmentos vulneráveis da população nos ‘empregos verdes’.
“O mercado de trabalho no Brasil é bastante heterogêneo com forte presença da informalidade. Muitos empregos formais têm baixa remuneração, longas jornadas de trabalho e alta rotatividade o que cria barreiras para uma maior profissionalização do trabalhador”, diz Nelson Karam. “O perfil dos trabalhadores de empregos verdes não foge a esta realidade: os postos de trabalho estão concentrados regionalmente (55% na Região Sudeste), os homens predominam (90% nas ocupações verdes), e as mulheres têm menor remuneração (recebem 89% da remuneração dos homens nas ocupações verdes)”, completa.
Para ele, além da capacitação para quem já está inserido no mercado de trabalho formal, é necessário pensar em políticas públicas para inserir quem atua no mercado de trabalho verde informal, como os catadores de materiais recicláveis – 800 mil brasileiros atuam nesse segmento, segundo o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).
Em São Paulo, a Unicata (Universidade de e para catadores e catadoras de materiais recicláveis) busca alcançar esse objetivo. A instituição oferece, desde 2023, a oportunidade de catadores se especializarem em áreas ligadas ao ramo da reciclagem.
Nas aulas, oferecidas todos os sábados, em São Paulo, por professores da USP, UnB, UFABC, Instituto Federal de Brasília e da Universidade de Victoria (UVic), no Canadá, os catadores aprendem sobre destinação de resíduos, mudanças climáticas, aquecimento global, inclusão social, diminuição da pobreza, desenvolvimento de uma economia solidária e circular e geração de renda.
No término de cada um dos seis módulos do curso, os alunos recebem um certificado que conta com o selo da UFABC e da Universidade de Victoria, no Canadá.

