Resumo
Empresário brasileiro Pedro Siciliano transformou sua experiência como professor na criação da Teachy, plataforma de inteligência artificial utilizada por milhões de professores em 39 países, apoiando a educação global sem substituir os docentes.
Quando Pedro Siciliano entrou pela primeira vez em uma sala de aula como professor, aos 18 anos, ele ainda era estudante de Engenharia Mecânica no Instituto Militar de Engenharia (IME), no Rio de Janeiro. Ele dava aulas particulares e gratuitas para pré-vestibulandos sem imaginar que a rotina puxada seria o ponto de partida para uma das plataformas de inteligência artificial (IA) mais usadas por professores no mundo. “A primeira coisa que eu notei quando eu dei aulas foi o quão difícil é a rotina de ensinar”, relembra.
A experiência e os desafios marcaram profundamente a trajetória do jovem. Pedro percebeu que passava “duas vezes mais tempo preparando uma aula do que, de fato, dando-a” e que esse esforço, muitas vezes invisível, não era o que mais transformava a vida dos alunos.
Ao mesmo tempo, veio a certeza de sua vocação. “Eu aprendi que eu amava aquilo. E, realmente, ajudar e ver histórias inspiradoras de alunos dentro de sala de aula era o que eu queria fazer com o resto da minha vida”.
Mesmo seguindo caminhos fora da área da educação, Pedro nunca se afastou dela. Ele atuou como analista de negócios na McKinsey, passou pela Descomplica e se dedicou a projetos e voluntariados ligados ao ensino. “Desde que eu comecei dentro de sala de aula, a minha cabeça nunca conseguiu deixar a educação de lado”, afirma.
A escolha por aprender a viver no mundo dos negócios era estratégica para ele, que já pensava em como poderia mudar aquela realidade. “Eu sabia que, se quisesse construir algo grande em educação, teria que aprender a escalar negócios.”
IA para professores pelo mundo
Em 2022, ao lado do empreendedor Fábio Baldissera, Pedro fundou a Teachy com um objetivo claro: usar tecnologia para apoiar e não substituir professores. Hoje, a plataforma está presente em 39 países, disponível em 19 idiomas e é utilizada por mais de 3 milhões de professores, impactando mais de 30 milhões de alunos.
Para ele, o princípio é inegociável. “Nós somos assistentes dos professores, nós servimos professores. O nosso primeiro valor aqui dentro é ‘Teachers First’, colocar professores em primeiro lugar”, reforça. “Construir coisas que empoderam e não substituem”.
O alcance global da Teachy é um dos aspectos mais emocionantes dessa jornada. “O que mais me emociona é o quanto a gente consegue criar tecnologia verdadeiramente global, partindo do Brasil”, diz Pedro, citando a presença da plataforma em países como México, Colômbia, Indonésia, Itália e África do Sul.
“A gente pode dizer hoje que é brasileiro, na ponta da tecnologia e líder no mundo inteiro. A IA mais usada por professores do mundo”. A brasilidade é um valor importante da empresa, segundo Siciliano, que ainda garante que o logotipo da Teachy, uma arara-canindé, é uma forma de levar um pouco do Brasil para o mundo.
Reconhecimento
Reconhecido internacionalmente, Pedro foi premiado pela Universidade de Stanford no programa Stanford Impact Founder e entrou para a lista Forbes USA 30 Under 30 North America na categoria Impacto Social. Ainda assim, ele não esconde as inseguranças que marcaram o caminho.
“Eu tinha muitas dúvidas, tinha muita insegurança sobre ‘será que esse é o movimento certo’”, conta. “Hoje em dia eu vejo que o meu processo deveria ter sido exatamente o contrário, deveria ter sido ‘começa e aprende’”.
Agora aos 30 anos, dividindo a rotina entre o Rio de Janeiro e São Francisco, na Califórnia, Pedro resume a mensagem que gostaria de deixar para quem sonha em gerar impacto social por meio da tecnologia: “Eu diria para seguirem os sonhos deles e delas”. E completa: “Pensar um pouco mais em possibilidades e em como começar, que é o único jeito, é a única constante de todo mundo que construiu coisas incríveis”.