postado em 09/03/2025 06:01

Silvia Gesser, coordenadora de desenvolvimento da Senior: “Empresas devem se modernizar” – (crédito: Wanessa Marinho)
Assim como o Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) e o Instituto Federal de Brasília (IFB), outras empresas que fomentam programas de capacitação em tecnologia da informação (TI) são a Senior Sistemas, que oferece soluções para o desenvolvimento de softwares, e a Simpress, fornecedora de equipamentos de TI. No caso da primeira, voltada para a contratação de profissionais, a formação é presencial em Blumenau (SC) e as inscrições estão abertas para todos os estados do país. Já na segunda, a capacitação é exclusiva para as mulheres operadoras de site da companhia que atuam em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e no Paraná.
Para Silvia Gesser, coordenadora de desenvolvimento da Senior, a alta concorrência do mercado de TI, a busca pela digitalização e as possibilidades de atuação no campo contribuem para a maior exigência por profissionais especializados. “Depois da pandemia, teve um boom de desenvolvedores, muitas pessoas trabalhando de home office, e as empresas precisando se modernizar e se abrir para o mercado mundial por meio de novas contratações. Além disso, esses profissionais têm mais opções de emprego, aumentando a demanda pela capacitação.”
Daniela Santos, diretora de RH da Simpress, destaca a importância da capacitação na área, a fim de lidar melhor com possíveis adversidades no mercado. “A capacitação tem a ver, também, com a sustentabilidade do negócio, porque as pessoas se movimentam na carreira. Então, ter um banco de talentos faz com que a gente tenha agilidade se houver a ruptura de algum profissional”, defende.
Do estágio ao emprego
Um dos programas fomentados pela Senior Sistemas é a Universidade Corporativa (UCS), que promove o crescimento profissional por meio de videoaulas, treinamentos presenciais e transmissões ao vivo. Na UCS, o programa GoDev, pelo qual Silvia Gesser é responsável e que tem duração de 10 meses, foca na capacitação técnica voltada para jovens em início ou migração de carreira, visando à empregabilidade.
Segundo Silvia, trata-se de um programa de estágio cujo objetivo é contratar profissionais para a Senior Sistemas. “Eles têm treinamentos sobre lógica de programação, banco de dados e disciplinas voltadas para o desenvolvimento de software, podendo ser contratados, o que geralmente ocorre em torno de três meses no programa”, explica.

João Machado, 19, estagiou pelo GoDev e foi contratado como desenvolvedor de software na Senior Sistemas
(foto: Fotos: Wanessa Marinho)
João Machado, 19, fez essa formação e foi contratado como desenvolvedor de software na XPlatform, unidade de negócios da Senior. Ele conta que, antes de ingressar no programa, fez alguns cursos na área de tecnologia e trabalhou como técnico de suporte, mas o interesse pela parte de desenvolvimento o levou a buscar a capacitação, conquistando uma vaga nesse campo. “Eu vi, no programa, uma oportunidade de aprender sobre minha área de interesse e rotina de trabalho, além de ingressar no mercado de trabalho”, relata.
João diz que a formação agregou positivamente sua trajetória, com conhecimentos técnicos, troca de experiências e um novo olhar sobre seu percurso. “Foi muito gratificante poder aprender e dividir ideias com pessoas de cidades diferentes. Saindo do programa, segui com mentalidade de aprendizado contínuo, conquistando minha primeira certificação em cloud practitioner em 2024”, compartilha. Para o futuro, ele pretende continuar se especializando nessa área e desenvolvendo projetos inovadores na empresa.
Assim como João, Nicole Bauchspiess, 21, também estava transicionando da área de suporte para a de desenvolvimento e buscou o GoDev na intenção de crescer na carreira. Rapidamente, ela foi contratada como desenvolvedora de plataforma, após passar dois meses e meio no programa. “Todas as tecnologias que a gente aprendeu, desde banco de dados até a parte de testes, eu uso no meu dia a dia e contribuíram para minha evolução”, diz a profissional.

Participante do programa GoDev, da Senior, Nicole Bauchspiess, 21, foi admitida, após dois meses, como desenvolvedora de plataformas na empresa
(foto: Wanessa Marinho)
Apesar do curto período no programa, ela considera que conseguiu adquirir as habilidades necessárias para a profissão. “Como são seis horas por dia focada nos estudos, deu bastante tempo para estudar”, conta. Agora em diante, Nicole pretende seguir na área de desenvolvimento, especializando-se em computação em nuvem: “Acredito que tenho bastante oportunidade de crescimento”.
Mulheres em TI
Segundo a pesquisa Cargos Tech e Digital 2023, encomendada pela consultoria de pessoas e talentos Mercer e feita com 559 empresas e mais de 150 mil profissionais, 70% dos cargos digitais e de tecnologia no Brasil são ocupados por homens. Com objetivo de transformar essa realidade e ampliar a participação feminina na área tecnológica, a Simpress desenvolve o Programa Mulheres em TI, voltado ao desenvolvimento das operadoras de site da companhia, visando à promoção para os cargos de técnicas, analistas e líderes de serviços.
Atualmente, o programa, que surgiu em 2022, conta com 31 participantes. Por meio de uma parceria com a Faculdade Estácio de Sá, a empresa oferece gratuitamente o curso de tecnólogo de redes de computadores na modalidade de ensino a distância (EaD) e com duração de cinco semestres, isto é, cerca de dois anos e meio. A primeira turma, única formada por homens e mulheres, irá se formar no primeiro semestre deste ano. Das profissionais que estão no programa, 13 já foram promovidas, o que representa um total de 55% das integrantes.
“A gente vem trabalhando a temática de diversidade e inclusão há alguns anos e, diante do desafio de aumentar o número de mulheres em TI, mudamos o rumo do programa para que elas cresçam, seja na TI tradicional, seja na infraestrutura e desenvolvimento, seja na área de field service (serviço em campo)”, explica a diretora de RH Daniela Santos.

Daniela Santos, coordenadora de RH da Simpress: “Temos diversidade de ideias e crescimento profissional à medida que aprendemos e trabalhamos com o outro”
(foto: Simpress)
Além do curso de nível superior, a empresa oferece capacitação para as funcionárias por meio de cursos técnicos em tecnologia e treinamentos de liderança e habilidades socioemocionais, as chamadas soft skills. Para Daniela, a ação traz benefícios não só para a empresa, mas para as profissionais capacitadas, para o mercado de TI e para a sociedade.
“Além da diversidade de gênero na empresa, temos uma diversidade de ideias e o crescimento profissional à medida que aprendemos com o outro e trabalhamos juntos. Também há um ganho para a sociedade como um todo, pois isso aumenta a empregabilidade das mulheres em carreiras que, prioritariamente, são mais desejadas ou mais ocupadas por homens e cria, nelas, um desejo de crescer”, ressalta Daniela.

Brenda dos Santos, 26, técnica de eletrônica: “Não existem profissões ‘de homens e de mulheres’. Com capacitação e postura ativa, podemos estar onde quisermos”
(foto: Simpress)
Brenda dos Santos, 26, está na Simpress há três anos, iniciando como jovem aprendiz e sendo efetivada como operadora de site. Ela ingressou na primeira turma do programa e foi promovida à técnica de eletrônica. Ela considera a experiência “maravilhosa”, pois não tinha condições financeiras para bancar uma faculdade. “Ter esse curso 100% financiado foi uma honra para mim e minha família. Esse é meu primeiro emprego de carteira assinada e serei a primeira de quatro irmãos a fazer faculdade”, conta, orgulhosa.
Nascida em 8 de março, Dia Internacional da Mulher, Brenda diz que se sente representada na posição profissional que ocupa, valorizando o apoio de colegas de trabalho e se percebendo como exemplo para outras mulheres. Nos próximos anos, ela deseja se formar e continuar no ramo de informática. “Não existem profissões ‘de homens e de mulheres’. Nós podemos estar onde quisermos, só precisamos de capacitação e ter postura ativa. Independentemente de cor ou gênero, nós somos iguais”, defende.

Michelle Oliveira, 35, líder de serviços na Simpress: “Mães, como eu, não têm muito espaço no mercado. É sobre acreditar que temos potencial de alcançar o que almejamos”
(foto: Arquivo pessoal)
Michelle Oliveira, 35, está na Simpress há seis anos e, por meio de formação interna, foi promovida de operadora a auxiliar administrativa. Em seguida, entrou para o Mulheres em TI e alcançou a liderança de serviços. Assim como Brenda, ela será a primeira entre os irmãos a se formar na graduação e pretende se desenvolver cada vez mais. “Acho que isso foi um divisor de águas, porque eu nem pensava mais em estudar; e mães, como eu, não têm muito espaço no mercado. É sobre acreditar que nós, mulheres temos potencial e somos capazes de alcançar o que almejamos.”
*Estagiária sob a supervisão de Júlia Giusti