Em muitos campi universitários chineses, o uso de inteligência artificial não é mais discutido: ele já é usado. De acordo com uma pesquisa do Instituto MyCOS, apenas 1% dos docentes e alunos afirmaram não usar ferramentas generativas. Os 99% restantes o fazem, e quase 60% afirmam usá-las com frequência. Essa é uma mudança notável em relação a dois anos atrás, quando acessar o ChatGPT significava recorrer a mirrors e VPNs.
China define o ritmo para a IA

O foco está no uso criterioso: diretrizes internas, exemplos concretos, recomendações sobre quais tarefas podem ser suportadas por modelos generativos e quais devem ser dominadas pelo julgamento humano. A interação com máquinas é tratada como uma habilidade, comparável a outras literacias técnicas. A McKinsey estima que a China precisará de 6 milhões de profissionais proficientes em IA até 2030.
Várias universidades estão desenvolvendo seus próprios cursos focados em alternativas locais ao ChatGPT. Centros como Shenzhen e Zhejiang lançaram programas de ensino sobre o DeepSeek, um modelo que busca se posicionar como referência nacional em IA generativa. Outros já estão treinando seus alunos no uso do Doubao, o chatbot desenvolvido pela Baidu e um dos mais utilizados em ambientes acadêmicos.
Em abril de 2025, o Ministério da Educação chinês emitiu diretrizes nacionais de IA para escolas primárias e secundárias, com o objetivo de promover o pensamento crítico, a fluência digital e a aplicação prática nesses estágios acadêmicos. Pequim já tornou o ensino de IA obrigatório em todas as escolas da cidade, do ensino fundamental ao médio. Para as universidades, essas recomendações gerais foram traduzidas em planos individuais para cada instituição e na criação de cursos e regulamentos internos.
Ocidente mais disperso
Ao passo que os chineses parecem focados no objetivo, o Ocidente não esboça uma união de pensamento. As decisões, por enquanto, permanecem em grande parte descentralizadas: dependem de cada país, de cada instituição, de cada faculdade e, em muitos casos, até mesmo de cada professor. É um modelo flexível, com vantagens e desvantagens, em comparação com a abordagem mais estruturada adotada pela China. Dois caminhos diferentes para abordar a mesma realidade: a IA veio para ficar, e dominar essas ferramentas será fundamental. O que ainda está sendo definido é como ensiná-la, quando e sob quais critérios.
Inscreva-se no canal do IGN Brasil no YouTube e visite as nossas páginas no TikTok, Facebook, Threads, Instagram, Bluesky, X e Twitch!