Sam Altman, CEO da OpenAI, planeja uma expansão agressiva para hardware de consumo, interfaces cérebro-computador e mídias sociais, mas também admite que o lançamento do GPT-5, novo modelo de IA da companhia, não foi recebido como o esperado. Essas declarações ocorreram durante um jantar com jornalistas na quinta-feira, 14, e reportadas pelo site The Verge.
Na ocasião, Altman se posicionou sobre o recente contratempo gerado pelo lançamento do GPT-5. O modelo de IA tornou indisponível suas versões anteriores e, quando os usuários reclamaram da decisão, a empresa voltou atrás.
“Acho que, totalmente, fizemos umas besteiras na implementação”, afirmou Altman. “Por outro lado, nosso tráfego de API dobrou em 48 horas e continua crescendo. Estamos sem GPUs. O ChatGPT tem atingido um novo recorde de usuários a cada dia e muitos deles adoram revezar modelos. Acho que aprendemos uma lição sobre o que significa atualizar um produto para centenas de milhões de pessoas em um dia”.
O relacionamento prejudicial com inteligência artificial (IA) ou – a tentativa de – tratamento psicológico com um chatbot é tema recorrente no noticiário. E mesmo que a estimativa do executivo seja de “bem menos de 1%” dos usuários atingidos por isso, ele admite que a OpenAI tem “muitas reuniões sobre o assunto”.
“Há pessoas que realmente sentiram que tinham um relacionamento com o ChatGPT, e são pessoas que conhecemos e sobre as quais refletimos”, disse Altman. “E há centenas de milhões de outras pessoas que não têm um relacionamento parassocial com o ChatGPT, mas se acostumaram muito com o fato de que ele respondia a elas de uma certa maneira, validava certas coisas e as apoiava de certas maneiras”.
Durante o jantar, o CEO ainda teve chance de provocar Elon Musk, rival e concorrente tanto no desenvolvimento de IA quanto em interfaces cérebro-computador.
A disputa dos dois começou em 2018, quando o bilionário, agora dono do X, se desentendeu com Altman por causa da conversão da OpenAI para uma estrutura com fins lucrativos. A partir desse momento, a dupla – que já havia cofundador a empresa de IA – passou a se desentender. Em 2023, Musk fundou a própria startup de IA, a xAI.
E por isso, quem estava à mesa com Altman percebeu que o CEO se referia ao Grok quando disse: “Vocês certamente verão algumas empresas criarem bots sexuais de animes japoneses porque acham que identificaram algo que funciona”. Imagens de personagens animados geradas pela IA de Musk têm se espalhado pela rede social por seu teor sexual.
Os planos de Altman e da gigante de entrar no mercado de comunicação entre o cérebro humano e computador é conhecida por causa da recente inclinação em investir na startup Merge Labs, que faz implantes de chips cerebrais.
Se a ideia se concretizar, Altman será competidor da Neuralink, empresa de Musk que busca o mesmo objetivo.
“Continuaremos trabalhando duro para criar um aplicativo útil e tentaremos permitir que os usuários o utilizem de maneira que desejaram, mas não a ponto de pessoas com estados mentais realmente frágeis serem exploradas acidentalmente”, disse Altman.
Por vezes, a ideologia dos chatbots é posta à prova. Essa tese, no entanto, é descartada por Altman, que garante projetar o ChatGPT sem base em nenhuma visão política. “Não acho que nossos produtos devam ser ‘conscientes'”, afirmou.
O chatbot da OpenAI quadruplicou seu número de usuários em um ano e agora alcança mais de 700 milhões de pessoas no mundo e recebe 3 bilhões de mensagens diárias na ferramenta. Só os brasileiros, por exemplo, enviam 140 milhões de comandos todo dia para o ChatGPT.
Mas a expectativa do CEO é ir mais longe. Ele espera superar o Instagram e o Facebook. “Somos o quinto maior site do mundo atualmente. Acho que estamos no caminho certo para (sermos) o terceiro”.
Quanto ao Google? Isso já é ir longe demais. “Para o ChatGPT ser maior que o Google é mais difícil”, disse.
IA é uma bolha
Enquanto o mercado de ações ainda busca entender se o a IA é uma bolha e quando ela vai estourar, Sam Altman admitiu que é questão de tempo até isso acontecer. “Quando as bolhas acontecem, pessoas inteligentes ficam super animadas com um fundo de verdade”, disse na mesma ocasião.
Boa parte dessa afobação pela IA é “insana” para Altman, que acha absurdo startups com “três pessoas e uma ideia” receberem financiamento com avaliações tão altas. “Isso não é um comportamento racional”.
No ano passado várias startups de IA levantaram bilhões de dólares – inclusive a Safe Superintelligence, liderada pelo cofundador da OpenAI, Ilya Sutskever, e a Thinking Machines, fundada pela ex-diretora de tecnologia da gigante, Mira Murati.
“Alguém vai perder uma quantidade fenomenal de dinheiro”, disse Altman.
Mesmo que a bolha de IA exista, a OpenAI deve gastar “trilhões de dólares na construção de data centers em um futuro não muito distante”, de acordo com seu próprio fundador.

