A rápida expansão da inteligência artificial reacendeu o debate sobre se o mundo está a entrar numa nova revolução industrial. Enquanto alguns projetam ganhos extraordinários de produtividade, outros alertam para o risco de desemprego e crescente desigualdade.
Num artigo publicado em sua página, o Fundo Monetário Internacional lembra a experiência histórica de outras revoluções industriais sugerindo cautela face a previsões. Embora a tecnologia tenha sido um motor central da economia e de melhoria dos padrões de vida, ao longo de 200 anos, os seus efeitos tendem a ser graduais e socialmente complexos.
Tecnologias moldam a economia
As grandes revoluções industriais estiveram associadas ao surgimento de tecnologias de uso geral, como o vapor, a eletricidade e as tecnologias de informação e comunicação. Elas distinguem-se por terem múltiplas aplicações e por aumentarem a produtividade em toda a economia.
A inteligência artificial apresenta características semelhantes, ao oferecer novas possibilidades para a produção de bens e serviços. No entanto, a história mostra que os ganhos de produtividade não são imediatos, pois exigem profundas reorganizações económicas e novas formas de trabalho.

Visualização de Inteligência Artificial combinando um esquema de cérebro humano com uma placa de circuito
Produtividade cresce mais devagar do que a inovação
O impacto do vapor sobre a economia foi mais lento do que se pensava, tornando-se significativo apenas décadas após a sua introdução. Isto relaciona-se com o paradoxo de Solow, segundo o qual os avanços tecnológicos nem sempre se refletem de imediato nas estatísticas de produtividade.
A contribuição da inteligência artificial para a produtividade continua, até agora, modesta.
Tal como no passado, aproveitar plenamente o seu potencial exigirá mudanças organizacionais profundas nas empresas e nos mercados de trabalho.
Impactos desiguais sobre salários e emprego
Após a Revolução Industrial, a mecanização aumentou a produção, mas os salários permaneceram estagnados, levando à criação de novas tarefas que integrassem a mão de obra, e, por sua vez, gerassem aumentos salariais e melhorias nos padrões de vida.
Nas últimas décadas, muitas inovações em tecnologias digitais e inteligência artificial têm privilegiado a automação, contribuindo para a estagnação salarial e o aumento da desigualdade em várias economias avançadas.
Alguns economistas defendem que o foco deveria estar em aplicações da IA que complementem o trabalho humano e não o substituam.
Os governos dispõem hoje de instrumentos políticos para influenciar o rumo da inovação e as escolhas feitas poderão determinar se os benefícios económicos desta nova tecnologia serão amplamente partilhados ou concentrados numa minoria.

