A guerra pela liderança da IA ganhou um novo capítulo com o lançamento do Gemini 3, o modelo mais avançado do Google. A atualização reposicionou a empresa no topo da corrida tecnológica, após anos de questionamentos sobre sua capacidade de acompanhar rivais emergentes. Mais do que resultados técnicos, o impacto é estratégico: analistas apontam que Google recupera terreno, enquanto a OpenAI, dependente de financiamento externo, enfrenta turbulências. A seguir, explicamos por que o novo modelo está redesenhando o setor.
Superando rivais: onde o Gemini 3 se destaca

Segundo o The Wall Street Journal, o Gemini 3 alcançou desempenho superior em mais de uma dúzia de benchmarks reconhecidos no setor. Esses testes avaliam desde lógica e resolução de problemas matemáticos até reconhecimento de imagens e compreensão técnica.
A única exceção foi uma prova de codificação, em que o Claude Sonnet 4.5, da Anthropic, ficou ligeiramente à frente. Ainda assim, o resultado consolidou o Gemini 3 como o modelo mais completo da atualidade.
Tulsee Doshi, diretora sênior de produto de Gemini, destacou especialmente o desempenho em idiomas pouco representados na internet — como o guyaratí — e a evolução na prova Vending Bench, que mede planejamento e uso de ferramentas em agentes de IA. Para ela, o modelo inaugura uma nova geração de sistemas capazes de raciocinar e executar tarefas complexas com maior autonomia.
Crescimento acelerado e efeito dominó nos produtos Google
O impacto do Gemini 3 não ficou restrito aos laboratórios. A base de usuários de Gemini saltou para 650 milhões mensais, ante 450 milhões em julho, impulsionada por recursos como Nano Banana, a ferramenta de geração de imagens da companhia.
Mesmo assim, o ChatGPT segue como líder em volume total: 800 milhões de usuários semanais.
A diferença, porém, pode diminuir. Usuários e analistas ouvidos pelo WSJ acreditam que o desempenho superior do Gemini 3 tende a torná-lo a principal escolha para tarefas que exigem análise multimodal, programação ou explicações avançadas.
A sombra que paira sobre a OpenAI
De acordo com a CNBC, o avanço do Google acendeu um alerta dentro da OpenAI. Um memorando interno citado pelo The Information mostra Sam Altman reconhecendo que a empresa enfrenta um “período complicado”, com riscos econômicos significativos caso não consiga novo financiamento.
A OpenAI ainda não é rentável e depende de aportes constantes — o oposto do Google, que usa seus próprios lucros para financiar o avanço em IA.
A diferença fica clara nos números:
- Google possui US$ 112 bilhões em caixa
- Tem margem bruta de 32%
- Gerou US$ 24 bilhões de fluxo de caixa livre no último trimestre
Para analistas, isso permite ao Google resistir até mesmo a uma desaceleração do setor, enquanto outras empresas ficariam vulneráveis a correções de mercado.
A engenharia por trás da virada: reorganização interna e retorno de Sergey Brin
O sucesso do Gemini 3 também reflete mudanças estruturais. Sundar Pichai reorganizou equipes, eliminou divisões internas e centralizou o desenvolvimento de modelos.
Sergey Brin, cofundador da empresa, voltou a atuar diretamente na supervisão dos esforços de IA — algo que reanimou equipes e investiu novo foco no desempenho técnico dos modelos.
Durante a conferência de desenvolvedores em maio, o Google apresentou o IA Mode, uma versão repaginada do seu buscador capaz de responder em formato conversacional. Foi a primeira vez que um modelo novo foi incorporado ao buscador desde o primeiro dia.
Robby Stein, vice-presidente de produto, contou ao WSJ que usou a ferramenta para explicar ao filho de sete anos como funciona a força de sustentação de um avião. O buscador respondeu com uma simulação interativa. “Fiquei impressionado com a forma como adapta a explicação ao tipo de pergunta”, afirmou.
A aposta de longo prazo: infraestrutura e distribuição
A grande vantagem do Google não é apenas ter um modelo poderoso — mas ter infraestrutura e escala para distribuí-lo globalmente.
Segundo analistas da CNBC, o Google tem chips próprios, centros de dados, serviços integrados e produtos usados por bilhões de pessoas. Isso permite levar IA a quem nem procura ativamente um chatbot, incorporando o Gemini a dispositivos, buscas, aplicativos e rotinas digitais cotidianas.
Enquanto isso, rivais como OpenAI e Anthropic dependem de parcerias externas e infraestrutura alugada, o que limita sua velocidade e alcance.
A dança muda de ritmo
No auge da corrida da IA, Satya Nadella, CEO da Microsoft, dizia querer “fazer o Google dançar”.
Mas, com o Gemini 3 redefinindo o patamar tecnológico e devolvendo confiança à gigante de Mountain View, parece que, ao menos por agora, é o Google quem define a música — e o restante da indústria tenta acompanhar o ritmo.
[ Fonte: Infobae ]

