Por meio das secretarias de Estado da Saúde e da Segurança Pública, gestão estadual assegurou bom andamento do evento
O principal cartão postal da capital sergipana ficou mais colorido neste domingo, 11, quando ocorreu a 23ª Parada LGBT+ em Sergipe. Realizado pela Associação de Travestis e Transgêneros de Aracaju (Astra), este ano, mais uma vez, o evento contou com o apoio do Governo do Estado. Na ocasião, a passarela da Orla da Atalaia ficou repleta de pessoas que, juntas, celebraram o amor e a diversidade. O evento contou com a presença de diversos artistas, com direito a atração nacional: a cantora e dançarina Valesca Popozuda.
Este ano, a parada teve como lema ‘Família é quem respeita você’. “É importante a gente dizer que a parada está no calendário cultural, tanto municipal quanto estadual. É um momento de reivindicação dos nossos direitos, de trazer essa visibilidade para toda a população LGBT+, principalmente este ano, que a gente traz um tema bastante propositivo, para que as pessoas entendam que todas as famílias são possíveis”, ponderou a primeira-secretária da Astra, Maria Eduarda Marques.
Quem demonstra isso na prática é a advogada Alessandra Tavares, de 49 anos, que é coordenadora da associação ‘Mães pela diversidade’. “A gente precisa ver a parada não só como uma festa, e sim como um movimento importante pela luta por direitos e políticas públicas para a população LGBTQIAPN+, e eu, como mãe de LGBT, não poderia deixar de participar. Venho todos os anos. Já vinha antes de saber que era mãe de LGBT, e depois, então, eu não posso faltar”, declarou.
De acordo com a organização da parada LGBT+, o apoio do Governo do Estado demonstra a preocupação da gestão com essa luta. “O fato de o Estado se comprometer com a questão da estrutura, principalmente do seminário, em que a gente traz militantes de todos os estados e de outros municípios, para a gente debater sobre os direitos da nossa população, a construção de políticas públicas, mostra que realmente tenta se comprometer com essas pautas”, finalizou Maria Eduarda Marques.
Diversidade
Para a estudante Anne Filgueiras, 23, a parada LGBTQIAPN+ é uma oportunidade de combater as diversas formas de LGBTfobia. “Eu acho que é um evento muito importante, muito significativo, justamente por mostrar que, de fato, a gente tem força, a gente existe, que não somos um grupo pequeno, somos um grupo muito populoso”, colocou.
Assim como ela, o estudante Michael Felipe, 17, chamou a atenção para a visibilidade proporcionada pela parada. “Estou amando tudo que está acontecendo aqui, inclusive o apoio do governo, que é muito importante Ver todo mundo reunido, ver que a gente existe, ver que a gente não está escondido é muito importante também”, destacou.
Além de ser um momento de reafirmar os direitos da população LGBTQIAPN+, a parada também se revela uma oportunidade para expor a diversidade por meio da arte, como no caso da drag Bombshell, que utiliza as apresentações performáticas como fonte de renda. “Comecei a me montar após a pandemia e vi que levava jeito, então do ano passado para cá que eu comecei a fazer profissionalmente, a ser contratada para eventos, e este é o segundo ano consecutivo que eu estou na parada. A drag é uma forma de expressão muito livre, é uma oportunidade em que eu me sinto livre para exaltar minha arte, e estou tendo uma receptividade muito boa”, explicou.
Segurança
Assim como em edições anteriores, a 23ª Parada LGBT+ em Sergipe contou com o apoio da gestão estadual, que garantiu a segurança e a tranquilidade do evento. Por meio da Secretaria de Estado da Segurança Pública (SSP), os participantes do evento tiveram acesso a serviços como assistência para emissão e regularização de documentos; atendimento para registro de ocorrências e encaminhamentos necessários; palestras educativas e de conscientização; agendamento para confecção de documentos como carteira de identidade nacional (CIN), CPF e carteira de trabalho; busca ativa para identificação e auxílio a indivíduos em situação de vulnerabilidade; orientações e cadastros para inserção no mercado de trabalho; retificação de nome social e de gênero; suporte para a atualização de documentos conforme a identidade de gênero.
“Nós, da Polícia Civil, temos um plantão especializado hoje, desde as 12h até 0h. Estamos aqui na Cinelândia com o ônibus da Polícia Civil, orientando sobre crimes relacionados à LGBTfobia, e temos também uma base lá na Delegacia de Turismo, onde estamos preparados para receber qualquer situação de flagrante, qualquer denúncia relacionada a crimes de LGBTfobia, assim como estamos atendendo a toda essa área da Coroa do Meio e da Atalaia. Lembrando que na parada do ano passado, não tivemos nenhuma ocorrência de crime de LGBTfobia, foi um evento pacífico, e este ano acreditamos que vai ser igual”, detalhou a delegada de grupos vulneráveis Marcela Souza.
Além da Polícia Civil, a SSP também assegurou a segurança e a tranquilidade do evento e a integridade dos participantes com a presença da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe (CBMSE).
Saúde
A fim de assegurar aos participantes do evento uma assistência pré-hospitalar de forma qualificada, segura e célere, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) garantiu a presença do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) na parada LGBT+. Além disso, houve a participação do Programa IST/Aids, que realizou trabalho de conscientização e educação sexual, distribuição de preservativos masculinos e femininos e autoteste para a detecção de HIV. “É um teste feito na boca, com o fluido oral, e se o resultado der reagente, precisa ser confirmado numa unidade de saúde. É um trabalho fundamental para essa população, que muitas vezes tem dificuldade de acesso a esses serviços”, explicou a referência técnica do Programa IST/Aids da SES, o médico Almir Santana.
O streamer André Calumby, 21, foi uma das pessoas que aproveitaram a oportunidade para cuidar da saúde. “Eu acho super importante sempre cuidar da saúde, saber se está tudo bem com o corpo, por fora e também por dentro. Acho que essas iniciativas facilitam o acesso e conscientizam as pessoas, porque tem gente que não se lembra de fazer os testes. Às vezes a pessoa tem uma doença e nem sabe”, ressaltou o jovem.