O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, recebeu nesta terça-feira, 30 de julho, o Plano Nacional de Inteligência Artificial. A entrega ocorreu na abertura da 5ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (5º CNCTI), que também contou com a participação do presidente do Serpro, Alexandre Amorim. Os principais pontos debatidos no lançamento do documento foram o compartilhamento de dados e o uso de uma Nuvem de Governo que garanta a soberania desses dados ao Brasil.
“O governo possivelmente tem o mais importante banco de dados que esse país já teve”, declarou o presidente Lula, que questionou a excessiva compartimentação dessas informações dentro do próprio governo, restritas aos órgãos que as controlam e tratam. “E o banco de dados do Brasil, a gente não vai ter? A nossa inteligência artificial começa por aí. A gente tem que criar uma estrutura para que todos os dados estejam compilados e à disposição da sociedade brasileira”, declarou Lula.
O presidente do Serpro, que compôs a mesa ampliada da abertura, destacou após a solenidade que a empresa já desenvolveu a sua Nuvem de Governo focada em armazenar com segurança e soberania os mais diversos dados da administração pública federal. “A soberania de dados pode ser conquistada com a nossa Nuvem de Governo, a nuvem soberana, para hospedar e fazer todo o processamento desses dados”, ressaltou Amorim.
Nuvem de Governo do Serpro
Sobre a compartimentação dos dados criticada pelo presidente Lula, Alexandre Amorim também considerou como uma questão prioritária a ser enfrentada. “Nós precisamos trabalhar exaustivamente para que esses dados sejam compartilhados, que eles tenham uma plataforma de interoperabilidade, e que esses dados sirvam para elaborar as políticas públicas e sejam insumos de referência para a nossa inteligência artificial”, concordou Amorim. O presidente do Serpro completou que: “o Serpro tem a competência, infraestrutura e capacidade para integrar essas diversas bases, essencialmente, com a nossa Nuvem de Governo”, reforçou.
A ministra da Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, também encorpou o debate sobre a importância da infraestrutura nacional e da partilha das informações. “O Brasil tem muitos dados, que são inclusive cobiçados pelas big techs, e como pontuou o presidente Lula, nós haveremos de ter uma interação, uma integração que ainda não há hoje, e com nuvem própria, soberana, com linguagem brasileira. Soberania e autonomia para poder fazer valer a inteligência do nosso país”, concluiu a ministra.
Plano Nacional de Inteligência Artificial
A proposta entregue ao presidente Lula foi construída coletivamente e contou com contribuições de diversos profissionais do Serpro, envolvendo, no geral, governo, iniciativa privada e a sociedade civil, incluindo a academia e centros de pesquisa.
O documento prevê R$ 23 bilhões de investimentos pelos próximos quatro anos, sendo a maior parte do Governo Federal, incluindo um supercomputador para o Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), com o objetivo de atender às demandas de pesquisa da área, tanto no setor público quanto na iniciativa privada.
O texto final do Plano Brasileiro de Inteligência Artificial foi aprovado na segunda-feira, 29/7, pelo Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia e é dividido em cinco eixos, dentre eles, Infraestrutura e Desenvolvimento de Inteligência Artificial e a IA para a melhoria do Serviço Público e para a Inovação Empresarial.
Alguns dos objetivos são desenvolver modelos avançados de linguagem em português, com dados nacionais relacionados às características culturais, sociais e linguísticas, para fortalecer a soberania em IA e promover a liderança global do Brasil no tema por meio do desenvolvimento tecnológico nacional e ações estratégicas de colaboração internacional.