Governo vê “brecha” para indicar novo presidente do Banco Central ainda neste mês

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Redação Rádio Pampa

| 18 de agosto de 2024

O governo vê uma “brecha” no Congresso para indicar o novo presidente do Banco Central em duas semanas, ainda em agosto. A ideia é aproveitar o esforço concentrado que os parlamentares farão antes das eleições municipais para votar também o indicado pelo Executivo ao BC.

O nome mais forte para ocupar o lugar de Roberto Campos Neto na presidência da autarquia permanece sendo o do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo. Interlocutores ponderam que o martelo ainda não está batido pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O indicado deverá ser submetido à sabatina do Senado, e o governo federal quer evitar contraposições ao novo nome. Dessa forma, após a escolha de Lula, líderes do governo já começariam a articular a aprovação do futuro chefe do BC.

Mais dois diretores

O desenho que está sendo feito até o momento prevê que Lula faça a indicação não só do novo chefe do BC, mas também de outros dois diretores de forma conjunta. As indicações não precisam caminhar juntas, mas há uma avaliação de que seria mais fácil validar três nomes com o Parlamento.

Articulada pelo Palácio, a proposta é bem-recebida também dentro do Ministério da Fazenda. Os diretores de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, Carolina de Assis Barros, e de Regulação, Otavio Damaso, terminam seus mandatos em 31 de dezembro de 2024 – mesmo prazo para o de Campos Neto.

Caso Galípolo seja indicado, abrirá também uma vaga na diretoria de Política Monetária. O governo não vê como um problema esse novo espaço livre. Segundo apurou a reportagem, para essa vaga há diversos nomes; já para a de presidente da instituição, o campo é mais limitado.

A saída de Campos Neto será a primeira substituição sob o sistema de mandatos fixos no BC, iniciado em 2021, com a aprovação da lei de autonomia operacional da instituição. Integrantes do BC também já veem como certa a antecipação da indicação em agosto.

Segundo integrantes do governo, esse movimento leva em conta três motivos. O primeiro ponto que favorece a indicação no curto prazo é tentar reduzir as chances de derrota no Congresso. Apesar dessa preocupação, o Palácio do Planalto avalia que Galípolo, caso seja mesmo o indicado, não deve sofrer resistências no Parlamento.

Risco monetário

O segundo motivo é um cálculo econômico. A divulgação do nome antes do fim do mandato de Campos Neto pode reduzir o risco monetário, evitar surpresas e impactos negativos à economia brasileira. Por fim, o terceiro tópico apontado por integrantes do governo é o de diminuir o poder de Campos Neto no Banco Central. Lula, desde que assumiu a presidência em 2023, não poupa críticas a Campos Neto.

Nas declarações mais recentes, Lula definiu o presidente da instituição como seu “adversário político” e o associou ao ex-presidente Jair Bolsonaro. Campos Neto também tem sido alvo do PT pelo que seria sua atuação política, ao se aproximar de adversários como o governador de São Paulo e potencial candidato à Presidência em 2026, Tarcísio de Freitas (Republicanos).

Embora o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tenha forte influência sobre a escolha do nome, no governo há a visão de que Lula também está recebendo indicações de outras pastas. O que conta a favor de Galípolo é a proximidade com o presidente, que foi construída ao longo da campanha eleitoral de 2022.

Outros nomes

O economista Nilson Teixeira, ex-economista-chefe do Credit Suisse, é um nome que correria por fora na bolsa de apostas, assim como o de Marcelo Kayath, que também trabalhou na mesma instituição. Ambos negam, contudo, que tenham sido sondados para o cargo.

Parte do mercado financeiro vê Galípolo como uma boa escolha, mas há economistas de grandes instituições que falam sob a condição de anonimato defendendo um nome mais forte próximo ao setor financeiro. Isso poderia levar a uma recuperação mais rápida da confiança e, consequentemente, à queda da taxa de juros.

A grande preocupação, contudo, é se Lula surpreender e escolher um nome mais ligado ao Partido dos Trabalhadores, capaz de repetir no Banco Central uma política monetária muito frouxa, como ocorreu no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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