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‘IA degenerativa’? Google Assistente falha em funções básicas e acumula queixas

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O Google Assistente, usado em smartphones e alto-falantes inteligentes e por anos considerado um dos assistentes de voz mais eficientes do mercado, entrou em uma fase de decadência, que tem frustrado usuários em várias partes do mundo, inclusive no Brasil. Comandos simples como apagar uma luz, tocar uma música ou adicionar itens à lista de compras se tornaram tarefas complicadas, gerando uma enxurrada de queixas nas redes sociais e fóruns especializados.

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Google Nest Mini no Brasil Foto: Felipe Rau/Estadão

Nos testes realizados pelo Estadão, os problemas se repetiram. Ao pedir para apagar a luz, o dispositivo respondeu em inglês com sotaque português que o recurso não estava disponível. No entanto, segundos depois, o mesmo comando funcionou normalmente.

Donos de caixas de som inteligentes como o Google Home ou o Nest têm encontrado dificuldades para realizar funções básicas. “Nossa Google Home é muito burro, chega a me irritar”, escreveu um usuário brasileiro no X (antigo Twitter). Outro afirmou que o comando para adicionar “passas” à lista de compras resultou na inclusão da palavra “pássaros”.

O problema é global. Em fóruns como o Reddit, centenas de usuários relataram falhas graves em dispositivos integrados ao ecossistema da empresa. Ações cotidianas, como acender luzes, tocar músicas específicas ou iniciar rotinas automatizadas, deixaram de funcionar corretamente. Em alguns casos, os aparelhos ignoram completamente os comandos de voz ou executam funções erradas, como desligar todas as luzes da casa quando o usuário pede apenas para desligar um ventilador.

Diante da repercussão negativa, o diretor de produto do Google Home e Nest, Anish Kattukaran, publicou um pedido de desculpas nas redes sociais. “Quero reconhecer os relatos recentes sobre a confiabilidade do Google Assistente em nossos dispositivos. Lamento sinceramente o que vocês estão enfrentando. Estamos comprometidos em encontrar uma solução de longo prazo”, escreveu.

O executivo afirmou que melhorias estão em desenvolvimento e devem ser anunciadas até o outono do hemisfério norte, ou seja, entre setembro e dezembro. Até lá, no entanto, usuários precisarão lidar com os bugs e limitações que vêm crescendo nos últimos meses.

‘IA degenerativa’

Um dos fatores apontados para o colapso funcional do Google Assistente é a transição para o Gemini, o novo assistente baseado em IA generativa. Desde 2024, o Google vem substituindo gradualmente o sistema antigo, e muitos aparelhos já adotaram o Gemini como padrão. Em março, a companhia anunciou que o GoogleAssistente, assistente virtual lançado em 2016 para competir com a Siri, da Apple, será descontinuado até o final deste ano. No lugar, os dispositivos da empresa passarão a contar exclusivamente com o Gemini, ferramenta de inteligência artificial (IA)generativa que já vem sendo integrada ao ecossistema da companhia.

Embora a promessa seja de uma experiência mais inteligente e conversacional, a nova IA ainda enfrenta dificuldades para realizar comandos básicos de forma fluida.

Além disso, o Google tem retirado silenciosamente diversas funções do Assistente original. Entre elas, a capacidade de traduzir conversas ao vivo, receber lembretes automáticos ou controlar dispositivos via Bluetooth. Segundo a empresa, essas mudanças fazem parte de um “reposicionamento” que prioriza experiências mais usadas pelos consumidores, o que, na prática, tem significado o corte de funcionalidades importantes para muitos.

Para usuários que construíram uma rotina digital baseada em comandos de voz e dispositivos interconectados, a sensação é de abandono. “Antes eu pedia para tocar as últimas notícias e ele buscava resumos de várias fontes. Agora, com a IA, é impossível fazer isso”, reclamou um usuário brasileiro no X.

Transição

No caso dos celulares, a transição será conduzida por meio de atualizações automáticas. Aparelhos que atualmente utilizam o Assistente passarão a exibir avisos sugerindo a instalação do Gemini. A partir do momento em que o Assistente for descontinuado, seu aplicativo será removido das lojas oficiais do Google, e seu funcionamento será interrompido.

Dispositivos vestíveis, como smartwatches e fones de ouvido, também serão afetados. Modelos que contam com suporte ao Assistente receberão atualizações para torná-los compatíveis com o Gemini. A empresa, porém, ainda não detalhou se todos os dispositivos existentes no mercado conseguirão fazer essa migração.

A substituição também se estenderá a carros conectados que utilizam assistência por voz do Google. Segundo a empresa, o Gemini será integrado progressivamente aos sistemas automotivos, mantendo funções como comandos de navegação e controle de mídia. A compatibilidade com modelos específicos ainda será anunciada.

No segmento de alto-falantes inteligentes e televisores, a transição é mais incerta. O Google informou que está testando versões adaptadas do Gemini para dispositivos como o Nest Mini e o Nest Audio, mas ainda não garantiu que todos os aparelhos existentes receberão atualizações.

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