Subtraction e Prioritization: o que executivos precisam (urgentemente) aprender na era da IA
Durante muito tempo, ser um bom executivo era vestir o título de especialista, dominar um tema com autoridade quase absoluta e construir carreira sobre ele. Mas esse modelo desmoronou com a chegada da IA (inteligência artificial), que acelerou mudanças, descentralizou o conhecimento e exige hoje um perfil muito mais adaptável e multidisciplinar.
Hoje, o conhecimento não tem mais cercas: é acessível, distribuído, democrático. E talvez, o mais desconcertante, rapidamente descartável. O que ontem era diferencial, hoje pode ser irrelevante. Apostar todas as fichas em uma única competência virou um risco calculado demais para um mercado que muda de direção como quem dobra a esquina. E sejamos honestos: o mercado dobra a esquina o tempo todo. Fica mais confortável seguir repetindo que basta acumular conhecimento técnico.
Aprender a escolher: o novo imperativo da liderança
Mas não basta. E fingir que basta é uma forma elegante de não encarar o real desafio: evoluir.
É preciso ir além. Desenvolver habilidades interpessoais, ter flexibilidade, cultivar uma abertura permanente para o novo. Porque, no fundo, o verdadeiro valor de um profissional não está só no que ele sabe, mas no que é capaz de aprender e, principalmente, no que escolhe aprender.
E aí surge uma questão que, confesso, tira o sono de muita gente. O que aprender? Quando aprender? E, mais difícil ainda, o que deixar de lado? É nesse cenário que entra o conceito que tem transformado a forma como líderes tomam decisões: o Subtraction.
Explico: vivemos a era da abundância de informações, de demandas, de possibilidades. E, diante disso, o caminho não é, necessariamente, fazer mais. É fazer melhor. E, muitas vezes, fazer menos.
A Arte de Escolher: liderar com menos e com impacto
Ter clareza sobre o que realmente gera impacto e eliminar o que consome energia sem trazer retorno é, hoje, uma das competências mais críticas para qualquer líder.
Para ilustrar, trago um exemplo que talvez você conheça bem ou tenha até “caído na armadilha”. Por décadas, bicicletas para crianças eram fabricadas com pedais e rodinhas. Até que alguém ousou perguntar: “E se tirássemos tudo isso?”. Ao subtrair componentes, nasceu a bicicleta de equilíbrio. Não só atendeu a uma faixa etária esquecida, como deu às crianças algo precioso: autonomia.
Esse é o coração do Subtraction. Não se trata apenas de cortar, mas de pensar estrategicamente o que manter, o que eliminar e onde concentrar esforços.
Com a Inteligência Artificial ocupando tarefas antes consideradas sofisticadas, o desafio se intensifica. Então, o que sobra para nós?
Sem rodeios, o que permanece como diferencial é a nossa capacidade de pensar criticamente, fazer curadoria, criar conexões humanas e perceber nuances que nenhuma máquina consegue capturar. E, acima de tudo, tomar decisões, tais como o que seguir fazendo, o que automatizar, o que aprender e o que abandonar.
Coragem para mudar: a nova regra da liderança
Subtraction e Prioritization não são só métodos para ganhar produtividade. São, cada vez mais, competências essenciais para a gestão da própria carreira.
Se antes, revisar processos e competências a cada três anos parecia suficiente agora nem pensar. O mundo mudou. A velocidade é outra. E a pergunta que precisa ecoar na cabeça de qualquer executivo é: “vou ser levado pela onda, andar com ela ou surfar à frente dela?”
Essa escolha faz toda a diferença entre ser atropelado pelas mudanças ou liderá-las. E quem lidera de verdade sabe que o aprendizado é contínuo e o excesso precisa ser descartado.
Esse movimento, é claro, não pode ser solitário. Cabe à liderança criar ambientes seguros, onde questionar processos não seja visto como rebeldia, mas como inteligência estratégica.
Subtraction exige coragem. Coragem para propor mudanças, ajustar rotas, otimizar processos. E, sim, lidar com o desconforto inevitável que qualquer mudança traz.
Aprender, desaprender e reaprender: o novo jogo executivo
A verdade é uma só: prontidão absoluta não existe. O executivo que fará diferença daqui para frente é aquele que entende que seu valor está menos no que já sabe e mais na sua disposição para aprender, desaprender e reaprender. Porque o que hoje é diferencial, amanhã será lugar-comum.
Em tempos de IA, ou você anda atrás do mercado, acompanha o mercado ou se sobressai no mercado. A escolha é sua.
Executivos prontos? Não. Executivos em constante movimento? Sempre.
Esse é e continuará sendo o verdadeiro diferencial.
Por Roberta Rosenburg, especialista em capacitação e desenvolvimento de liderança e CEO da F.Lead, consultoria estratégica de RH. Possui mais de 25 anos de experiência no treinamento e desenvolvimento de pessoas e tem como foco a capacitação de lideranças. Em sua trajetória profissional já desenvolveu e entregou projetos para mais de 100 empresas, tais como GSK, ExxonMobil, Unilever, entre outras. Além disso, já impactou mais de 5 mil profissionais e foi eleita uma das três melhores facilitadoras globais, entre mais de 350 profissionais da América Latina por uma consultoria sueca.
🎧 Ouça o episódio 211 do RH Pra Você Cast:
“Escritórios cheios: dá para voltar ao presencial sem perder talentos?”
A volta para os escritórios é uma tendência que cresce cada vez mais. Diversas plataformas de vagas já identificam um aumento significativo nas oportunidades presenciais. Por outro lado, as opções híbridas e remotas não mantêm o mesmo ritmo de antes.
Porém, diante dessa mudança, surge a dúvida: será que os profissionais estão realmente satisfeitos com essa decisão? De um lado, as empresas têm suas razões para trazer equipes de volta ao ambiente físico. Por outro, o impacto dessa medida no engajamento dos talentos, contudo, merece atenção. Afinal, nem sempre o que faz sentido para o negócio gera motivação para as pessoas.
Como a volta ao presencial afeta o engajamento dos profissionais
Para entender melhor esse cenário, portanto, conversamos com Raissa Florence, Cofundadora e Diretora de Growth da Koru. Além disso, sua análise traz insights valiosos sobre como, afinal, os profissionais estão lidando com a transição para o trabalho presencial. Por isso, não deixe de ouvir o episódio completo!
Além disso, não se esqueça de seguir nosso podcast, da mesma forma que pode interagir em nossas redes sociais. Assim, você acompanha tudo em primeira mão e ainda participa da conversa!