O IBGE participou do 47º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação nesta terça-feira, 3, no auditório do Campus Balneário Camboriú da Univali (Universidade do Vale do Itajaí), localizada no Bairro dos Municípios, em Balneário Camboriú (SC). O presidente Marcio Pochmann tratou dos impactos da Inteligência Artificial na comunicação no “Painel I Ciclo de Estudos – Inteligência Artificial, Comunicação e Segurança da Informação: Políticas Públicas e Produção de Conhecimento”.
Também participou da mesa Gustavo Portella, diretor de Tecnologia da Informação da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior), Juremir Machado, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Carolina Monteiro, presidente da Ajor (Associação de Jornalismo Digital) e Rafael Sampaio, professor do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social da UFPR (Universidade Federal do Paraná). A mediação ficou por conta da diretora financeira da Intercom, Daniela Ota.
O presidente do IBGE explicou que a sociedade “está diante de uma possibilidade que poucas gerações brasileiras tiveram, baseada em quatro eixos. Um deles é o deslocamento do mundo do Ocidente para o Oriente, algo que não se via há pelo menos mil anos, outro deles é a interiorização do nosso país – existem cidades fora do eixo que crescem anualmente como a China. O terceiro eixo é a mudança do regime demográfico, onde o Brasil deve ter uma população menor em 2042. Por fim, temos a era digital, que nos abre um mundo paradoxal, nunca tivemos tanta informação, embora estas informações nos levem a uma alienação bem grande”.
Gustavo Portella, por sua vez, apresentou um breve histórico da CAPES, bem como alguns dados a respeito da pós-graduação, a qualificação dos dados em comparação aos resultados de análises de IA, identificadores persistentes e o Plano Brasileiro de IA e a importância da CAPES. “O Plano Brasileiro de IA para a CAPES divide-se em três eixos: o primeiro envolve o lançamento de editais e iniciativas de financiamento de projetos em pesquisa e desenvolvimento em IA; o segundo envolve bolsas de estudo para iniciação científica, mestrado e doutorado em IA e o terceiro está relacionado com a construção de base unificada em dados educativos com o desenvolvimento de sistemas de IA para melhorar a detecção e resposta a incidentes de segurança cibernética no governo”.
A presidente da Ajor, Carolina Monteiro, fez uma análise a respeito do panorama do jornalismo digital no país. “ Sessenta e seis vírgula seis por cento das organizações nativas digitais têm fins lucrativos e um terço não possui fins lucrativos, outro ponto é que 96% dos respondentes são micro e pequenas empresas. O IBGE contribui muito com nosso trabalho com os dados apresentados, em que fazemos os cruzamentos”. Carolina fez ainda uma análise do cenário atual do jornalismo com a presença das IAs. “A Inteligência Artificial se utiliza de bastante conteúdo jornalístico. Um exemplo é que a OpenAI está oferecendo acordos individuais de licenciamento a grandes grupos de trabalho, o mais recente foi com a News Corp, que controla o New York Times”, explicou Carolina.
Na sequência, Rafael Sampaio trouxe dados relacionados às IAs e como acontece seu uso no ambiente acadêmico na atualidade. “A Inteligência Artificial é usada no mundo acadêmico para busca e seleção, leitura, programação e análise de dados, escrita acadêmica, apresentação e tradução. Um exemplo disso é um conjunto destas IAs utilizadas para buscas de tópicos, pesquisas e artigos acadêmicos, como o Scholarly, Resomer e Elicit. O paradigma atual do saber científico está em plena alteração diante dos nossos olhos”, disse Sampaio.
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), Juremir Machado mostrou que “a grande dificuldade que envolve uma mudança tecnológica está relacionada aos discursos excessivos, tanto positivos quanto negativos. Sem um olhar apocalíptico, mas sim, crítico. A diferença com a mudança envolvendo as IAs é que os trabalhos que devem sofrer mudanças são os intelectuais, não mais os manuais como acontecia”.
IBGE assina protocolo de intenções com a Intercom
Durante a participação no evento, o IBGE assinou um protocolo de intenções com a Intercom, para a realização de um estudo intitulado “Panorama da Era Digital no Brasil” estruturado a partir de seis eixos: infraestrutura e comunicação, produção, disseminação e certificação de informações, soberania de dados, dados oficiais e direito autoral, alfabetização digital e captura da privacidade.
Juliano Domingues, presidente da Intercom, destacou que conta com a comunidade da Intercom, parceira do IBGE nesta iniciativa. “Em breve, a comunidade acadêmica que compõe a entidade será envolvida nas atividades propostas, que inclui a realização de pesquisa e organização e eventos e seminários para diagnóstico da situação, análise de dados e divulgação de resultados”. Segundo ele, uma das missões da Intercom é garantir que o conhecimento produzido nas universidades chegue até a sociedade.
Presidente do IBGE, Marcio Pochmann destacou que este “é um passo importante desta parceria do Instituto com a Intercom, isso faz parte de uma mudança em curso dentro do próprio órgão, se voltando mais para a sociedade. Ao mesmo tempo, estamos no processo de construção do SINGED (Sistema Nacional de Geociências, Estatística e Dados) , buscando integrar todos os dados do governo federal, permitindo aos usuários ter estes dados de forma articulada, além de ter dados que hoje não existem do ponto de vista estatístico, referentes às atividades que o Estado concede ao setor privado”.
Daniel Castro, coordenador-geral do Centro de Documentação e Disseminação de Informações e Coordenação de Comunicação Social (CDDI CCS) do IBGE, ressaltou que “é preciso entender a era digital e durante esta era, a comunicação tem uma base estruturante. Tudo gera informação. E este protocolo trata disto e desta parceria com a Intercom, que nos orgulha muito”.
Mais sobre a Intercom
A Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação – é uma instituição sem fins lucrativos, destinada ao fomento e à troca de conhecimento entre pesquisadores e profissionais atuantes no mercado. A entidade estimula o desenvolvimento de produção científica não apenas entre mestres e doutores, mas também entre alunos e recém-graduados em Comunicação, oferecendo prêmios como forma de reconhecimento aos que se destacam nos eventos promovidos pela entidade.
Fundada no dia 12 de dezembro de 1977 em São Paulo, a Intercom preocupa-se com o compartilhamento de pesquisas e informações de forma interdisciplinar. Além de encontros periódicos e simpósios, a instituição promove um congresso nacional – evento de maior prestígio na área de pesquisa em Comunicação, que recebe uma média de 3,5 mil pessoas anualmente, entre pesquisadores e estudantes do Brasil e do exterior. O evento, sediado em cidade escolhida pelos sócios no ano anterior, é precedido de cinco congressos regionais.