O Brasil foi destaque no Champions of the Earth (Campeões da Terra), o maior prêmio ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU). O reconhecimento foi entregue ao Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon) pelo pioneirismo no monitoramento da floresta com tecnologias geoespaciais avançadas e inteligência artificial.
A cerimônia de premiação ocorreu nesta quarta-feira (10), durante a sétima sessão da Assembleia das Nações Unidas para o Meio Ambiente (UNEA-7), realizada em Nairóbi, no Quênia. Concedido pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), o prêmio homenageia anualmente cinco pessoas, grupos ou organizações cujas ações têm um impacto transformador na proteção ambiental e no combate às mudanças climáticas.
“Há uma preocupação legítima com o impacto ambiental dos data centers e da inteligência artificial, mas o Imazon mostrou que essas tecnologias podem ser verdadeiramente transformadoras quando aplicadas corretamente. Seus modelos de previsão baseados em IA forneceram alertas precoces precisos sobre o desmatamento na Amazônia e ajudaram a melhorar a fiscalização e reduzir taxas de desmatamento. O Imazon está mostrando exatamente onde reside o verdadeiro poder da IA. Apelo a outros inovadores tecnológicos para que sigam seu exemplo”, afirmou Inger Andersen, diretora-executiva do PNUMA.
Com sede em Belém, no Pará, o Imazon é uma instituição científica sem fins lucrativos, que atua há 35 anos para promover a conservação e o desenvolvimento sustentável na Amazônia. Suas mais de mil pesquisas publicadas contribuíram para reduzir o desmatamento, criar áreas protegidas, escalar o manejo florestal e a sociobioeconomia, empoderar povos e comunidades tradicionais e restaurar a floresta.
Além disso, o Imazon criou os primeiros sistemas de monitoramento da Amazônia por imagens de satélite da sociedade civil, o SAD e o Simex, e a primeira plataforma de previsão de desmatamento na região por inteligência artificial, a PrevisIA.
“Os maiores beneficiados pelas soluções criadas pelo Imazon são os povos que vivem na Amazônia, cujas vidas e territórios defendemos. Nossa jornada pela inovação ganhou reforço há quase 20 anos, com ferramentas geoespaciais que trouxeram transparência aos dados de desmatamento, degradação florestal e exploração madeireira. Com a introdução do uso da inteligência artificial, mostramos que a ciência está sempre aberta a novos aliados para levar benefícios concretos às comunidades e preservar a biodiversidade”, comemora Ritaumaria Pereira, diretora executiva do Imazon.
Atualmente, o instituto possui nove temas de monitoramento da Amazônia: desmatamento, degradação florestal, exploração madeireira, mudança no uso da terra, vegetação secundária, estradas, risco de desmatamento, dinâmica da superfície de água e áreas úmidas. Além disso, toda a ciência produzida pelo Imazon é pública e comunicada de forma adaptada a diferentes públicos, com foco no uso dessas informações para elaboração de políticas públicas.
“Ter dados socioambientais de credibilidade é essencial para o avanço da agenda de financiamento climático para ações de mitigação, adaptação e perdas e danos. A ciência geoespacial, por exemplo, pode fornecer informações estratégicas para o combate ao desmatamento e à degradação florestal. E o uso da inteligência artificial aliada a essa ciência pode acelerar sua implementação com mais precisão”, completa Carlos Souza Jr., coordenador do Programa de Monitoramento da Amazônia do Imazon.
Esse reconhecimento fortalece a ciência brasileira e amazônida e pode dar escala global às soluções criadas pelo instituto, principalmente em países com florestas tropicais na África e na Ásia. Por meio da Rede Amazônica de Informação Socioambiental Georreferenciada (Raisg), o Imazon já possui ações de monitoramento da Pan-Amazônia em parceria com instituições da Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela.
Conheça os premiados:
Imazon, Brasil
Categoria: Ciência e Inovação
Instituto de pesquisa que combina ciência e ferramentas geoespaciais impulsionadas por inteligência artificial para conter o desmatamento. O trabalho do Imazon fortaleceu a governança florestal, apoiou milhares de processos judiciais e revelou a escala do desmatamento ilegal — impulsionando mudanças sistêmicas na Amazônia.
Estudantes das Ilhas do Pacífico Lutando contra a Mudança Climática
Categoria: Liderança Política
ONG liderada por jovens obteve um parecer histórico da Corte Internacional de Justiça afirmando as obrigações legais dos Estados de prevenir danos climáticos e proteger os direitos humanos, cuja campanha está remodelando a legislação climática global e empoderando nações vulneráveis.
Supriya Sahu, secretária-chefe adjunta, Governo de Tamil Nadu
Categoria: Inspiração e Ação
Pioneira em resfriamento sustentável e restauração de ecossistemas, as iniciativas de Sahu criaram 2,5 milhões de empregos verdes, ampliaram a cobertura florestal e integraram a adaptação térmica à infraestrutura, beneficiando 12 milhões de pessoas e estabelecendo um modelo de resiliência climática.
Mariam Issoufou, diretora e fundadora, Mariam Issoufou Architects, Niamey/Zurich
Categoria: Visão Empreendedora
Designer do complexo Hikma Community no Níger, Mariam utiliza refrigeração passiva para baixar a temperatura em 10°C sem ar-condicionado. Sua abordagem, enraizada em materiais locais e patrimônio cultural, está transformando o design de edifícios em toda a região do Sahel na África. Uma única arquiteta redefinindo habitações sustentáveis e resilientes ao clima, inspirando uma nova geração de design resiliente em todo o Sahel e pelo mundo afora.
Manfredi Caltagirone (póstumo)
Categoria: Carreira
O ex-chefe do Observatório Internacional de Emissões de Metano do PNUMA, Manfredi Caltagirone defendeu a transparência e a ação baseada na ciência nos temas relativos ao metano, influenciando a primeira regulamentação da União Europeia sobre emissões de metano e moldando a política energética global.
Assista aqui o vídeo do Campeões da Terra sobre o Imazon.
(Com Assessoria Imazon)

