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Redação O Sul
| 9 de dezembro de 2025

A busca por métodos para evitar o indeferimento do visto cresce, especialmente diante do aumento das recusas. (Foto: Reprodução)
Hoje, o ChatGPT virou o “faz-tudo” digital dos brasileiros. A ferramenta é usada para praticamente tudo: treinar entrevistas de emprego, simular reuniões de trabalho e até montar discursos. Mas uma função em especial viralizou – a de se preparar para a temida entrevista do visto norte-americano. Nos TikToks que circulam, influenciadores mostram como pedem ao ChatGPT para “fazer perguntas de oficial consular” e ensaiam respostas até se sentirem mais seguros.
A busca por métodos para evitar o indeferimento cresce, especialmente diante do aumento das recusas. No ano passado (2024), a taxa entre brasileiros chegou a 15%, acima dos 13% registrados em 2023. O dado faz parte de um levantamento da Folha de S.Paulo baseado em informações do Departamento de Estado dos EUA.
Larissa Salvador, advogada especializada em imigração e CEO da Salvador Law, reconhece a utilidade da tecnologia, mas alerta para seus limites. “É inegável que ferramentas como o ChatGPT são excelentes para organizar o raciocínio, refinar o discurso e praticar. No entanto, é importante entender que a entrevista consular é uma análise de caso, e não um teste de memorização. O oficial busca clareza sobre o propósito da viagem, a robustez dos laços com o Brasil e a capacidade financeira do requerente”, explica.
Ela afirma que discursos excessivamente decorados, ou engessados, são percebidos com facilidade. “A autenticidade, a coerência entre a documentação e a narrativa oral, e a segurança ao falar sobre o próprio planejamento de viagem são fatores que a inteligência artificial não consegue fornecer”, diz.
Para a advogada, o candidato deve ir além da simulação digital. Ela resume três pontos essenciais. Veja abaixo.
– 1. Compreensão e coerência: Antes de qualquer ensaio, o solicitante precisa saber exatamente qual é o objetivo da viagem, sua duração, locais a visitar e como o custo será coberto. Essa narrativa deve estar alinhada com os documentos apresentados. “Oficiais consulares não avaliam só palavras”, lembra. “Se é dito que você vai estudar ou trabalhar, você precisa provar. Documentos corretos e organizados reforçam sua credibilidade”, destaca.
Larissa acrescenta que comprovantes de vínculo com o Brasil, como emprego, bens, família e Imposto de Renda, são decisivos.
– 2. Naturalidade no discurso: Em vez de usar a IA para decorar falas, o ideal é praticar variações e encontrar o próprio tom. A especialista recomenda simular a entrevista em voz alta, de preferência diante do espelho ou gravando a si mesmo. O objetivo é falar sobre a viagem com naturalidade, como quem descreve um plano de férias, e não recita um roteiro.
– 3. Estratégia e contingência: Cada entrevista é única, e os oficiais podem fazer perguntas inesperadas. Por isso, Larissa sugere treinar situações fora do padrão, desenvolvendo flexibilidade e confiança. Ela reforça que, mesmo com preparo, o risco de recusa existe. Planejar alternativas, incluindo ajustes na documentação e estratégias para reaplicações, é essencial.
Em casos complexos, com múltiplos pedidos ou recusas anteriores, o apoio jurídico especializado pode ser decisivo, já que o advogado identifica falhas e orienta correções.
“Quem entende o processo, organiza os documentos e comunica sua intenção de forma natural tem muito mais chances de aprovação. O ChatGPT funciona como suporte, mas não substitui. Ferramentas digitais são parte do caminho, mas a aprovação vem do foco em planejamento, autenticidade e motivação verdadeira”, conclui a advogada. As informações são do jornal O Globo.
https://www.osul.com.br/sera-que-funciona-influenciadores-viralizam-treinos-de-entrevista-para-visto-dos-estados-unidos-com-chatgpt/
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