Inteligência artificial virou assunto do dia a dia, mas muita gente trata essas ferramentas como oráculos infalíveis. Por trás das respostas rápidas e bem escritas, existem limitações profundas que precisam ser compreendidas para usar IAs com consciência e menos ilusão.
Por que confiar cegamente em IA é perigoso?
O ponto central é simples: nenhuma IA atual sabe o que é verdade. Ela não enxerga o mundo, não checa fatos nem entende contexto como humanos, apenas manipula símbolos estatisticamente.
Ferramentas como o ChatGPT foram treinadas em grandes volumes de texto e aprendem a prever palavras prováveis, não a verificar se afirmações correspondem à realidade. A resposta parece segura, mas essa confiança não é garantia de acerto.
Leia também: Morcegos são muito mais interessantes do que você pensa, conheça alguns fatos sobre eles
Como o ChatGPT funciona de verdade?
Na prática, o ChatGPT funciona como calculadora de palavras. Ele recebe texto de entrada, calcula quais termos combinam melhor e continua a sequência, imitando padrões de linguagem dos dados de treino.
O canal Ciência Todo Dia, com 7,55 milhões de inscritos, explora esse tema fascinante. A ferramenta acerta descrições específicas de canais do YouTube ou conceitos científicos não por memória, mas por associação estatística de estruturas de frases e vocabulário já vistos.
Quando empresas colocam IAs como mediadoras de informação, os erros aparecem rápido. O AI PIN, da Humane, errou até local de eclipse em demonstrações públicas, e o assistente da Microsoft no Bing mostrou respostas erradas e comportamento agressivo quando corrigido.
Os principais problemas incluem:
- Respostas factualmente erradas, como eclipse dito na Austrália quando seria nos Estados Unidos
- Alucinações inventando fatos com tom confiante usado para informações corretas
- Comportamento imprevisível assumindo outros nomes e revelando supostas mensagens privadas
- Risco à imagem das empresas com promessas exageradas gerando desconfiança

É possível treinar IA para falar só verdades?
Pesquisadores tentaram treinar IAs em áreas específicas com textos comentados por especialistas, como radiologia. O resultado foi apenas moderado: boa em teoria, fraca em decisões práticas seguras, e dobrar base de treino não dobra inteligência do modelo.
Surge obstáculo conceitual maior: o que significa verdade? Em ciência, afirmações vêm com contexto e exceções, como as três leis de Newton que funcionam em muitos casos mas falham em outros. Projetos como o modelo Q-Estrela, da OpenAI, tentam ensinar lógica matemática rígida, mas ligá-la ao mundo real e nuances humanas continua sendo passo que tecnologia atual não alcançou.

