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Inteligência artificial deve tornar o smartphone obsoleto. O que virá depois?

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Para os consumidores, esta terça-feira terá um ar familiar: a Apple deve revelar o seu iPhone 17 com melhorias modestas, incluindo um modelo ligeiramente mais fino. Quando foi lançado no longínquo ano de 2007, o iPhone original entrou para a História ao mudar a maneira como nós lidamos com os celulares — e a tecnologia em geral.

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O dispositivo móvel, com tela de toque, entrou no cotidiano de todos. E revolucionou a indústria de tecnologia. Agora, com o advento da inteligência artificial, muitos dos principais executivos de big techs acreditam que uma nova mudança radical está em curso — e que ela pode, um dia, tornar o smartphone, como o conhecemos, ultrapassado.

Assistentes modernos de inteligência artificial, muito mais capazes e flexíveis do que os desajeitados assistentes de voz como a Siri, estão prestes a se tornar o sistema operacional central de todos os nossos dispositivos de computação pessoal, superando em importância o software dos smartphones, segundo especialistas.

No futuro, óculos ou pulseira ‘conscientes’ do ambiente ao redor

Aplicativos e suas interfaces sofisticadas perderão relevância quando assistentes de IA passarem a usar os dispositivos em nosso lugar, executando automaticamente tarefas como marcar encontros com amigos, gerar listas de compras e fazer anotações em reuniões. Isso nos pouparia da necessidade de deslizar por menus de software e digitar em teclados.

— O sistema operacional com o qual você está acostumado a trabalhar no celular e os aplicativos que você abre, a forma como você realmente faz as coisas, vai começar a desaparecer em segundo plano, e seu assistente é que passará a fazer as coisas por você — explica Alex Katouzian, executivo responsável por produtos móveis na Qualcomm, que fabrica chips para iPhones e aparelhos Android.

E em um futuro próximo (não amanhã), o hardware do smartphone poderá até ser sucedido — embora não substituído — por um novo e fundamental dispositivo de computação pessoal. Um par de óculos com IA ou uma pulseira, por exemplo, seriam conscientes do ambiente ao redor, e o assistente passaria a coexistir conosco para oferecer ajuda ao longo do dia, preveem alguns executivos do setor.

Toda grande empresa de tecnologia está pensando nessa pergunta bilionária: o que vem depois do smartphone? Eis algumas previsões de atuais e ex-funcionários de gigantes como Apple, Google, Samsung Electronics, Amazon e Meta.

O que vem depois do smartphone?

“Óculos que entendem nosso contexto porque conseguem ver o que vemos, ouvir o que ouvimos e interagir conosco ao longo do dia se tornarão nossos principais dispositivos de computação” — Mark Zuckerberg, em carta publicada no site da Meta.

Há décadas, tecnólogos sonham que um par de óculos com telas digitais embutidas nas lentes possa oferecer às pessoas informações em tempo real sobre as pessoas e lugares que enxergam. Um assistente de IA teria papel central nesse dispositivo, permitindo ao usuário pedir ajuda apenas falando, como se fosse com um amigo.

A Meta deu um passo agressivo em direção a esse sonho no ano passado. Uma atualização de software dos óculos inteligentes Ray-Ban Meta — que incluem câmera, alto-falantes e microfone — trouxe o assistente Meta AI para o acessório, permitindo que usuários fizessem perguntas sobre o que estavam vendo, de animais em zoológicos a pontos turísticos históricos.

Também no ano passado, a empresa revelou o Orion, protótipo de óculos com telas embutidas na armação — para que o usuário pudesse, por exemplo, consultar informações como anotações digitais enquanto conversa em uma reunião. Neste ano, o Google apresentou um protótipo parecido, equipado com seu assistente Gemini.

A expectativa é que a Meta traga mais informações sobre o Orion em sua conferência de desenvolvedores este mês. Mas, na prática, óculos inteligentes sem telas — como o Ray-Ban Meta, que já ultrapassou dois milhões de unidades vendidas — provavelmente se popularizarão nos próximos dois anos, enquanto os modelos com displays digitais ainda estão em um futuro distante, avalia Carolina Milanesi, analista de tecnologia de consumo da Creative Strategies.

A duração da bateria é curta em dispositivos tão finos e pequenos — e quanto maior a bateria, maiores e mais feios ficam os óculos, disse ela. Também pode levar anos para que as empresas de tecnologia aprendam a projetar óculos que se ajustem a todos os tipos de rosto e ainda gerem lucro.

“Se você não precisa tirar algo do bolso, isso é muito poderoso.” — Panos Panay, chefe de dispositivos da Amazon.

Por mais dependentes que nos tornamos dos smartphones, eles podem ser uma distração, porque estamos constantemente sendo bombardeados por notificações de diferentes aplicativos. Panos Panay, chefe de dispositivos da Amazon, previu que assistentes de IA aumentariam a importância dos computadores ambientes, que incluem alto-falantes e telas equipados com microfone espalhados pela casa e gadgets usados no corpo — uma categoria de produtos que a Amazon vem desenvolvendo há mais de uma década com a linha Echo.

Como a tecnologia de IA torna possível ter conversas fluidas com novos assistentes, como o Alexa+, que a Amazon começou a lançar este ano, ela permitirá que as pessoas realizem certas tarefas com mais facilidade do que usando o telefone.

Um exemplo dado por Panay em uma entrevista: perguntar a um assistente de IA a resposta para uma pergunta durante um jantar, permitindo que todos permaneçam focados na conversa sem olhar para uma tela.

Ele acrescentou, no entanto, que o smartphone veio para ficar, assim como o laptop continua conosco muito tempo depois de os smartphones se tornarem populares.

“Uma coisa de Inspector Gadget, onde você levanta a tampa. Então você pode usar a câmera para chamadas de vídeo no pulso” — Carl Pei, CEO da empresa de smartphones Nothing, descrevendo uma futura câmera de smartwatch.

Ainda na primavera, Pei acreditava que o dispositivo do futuro seria o smartphone. Mas, com o avanço da IA, ele mudou de ideia. Agora, ele acredita que é necessário ter um dispositivo de IA coletando informações sobre o ambiente das pessoas enquanto seus smartphones estão no bolso — o que ele chama de “o smartwatch reimaginado”.

Por quê? O smartwatch, popularizado pelo Apple Watch, é familiar. Mais de 100 milhões são vendidos a cada ano. Ele é discreto. Fica no pulso, não no rosto. E está sempre presente.

A IA tornaria o sistema operacional de cada relógio único. Para entusiastas de fitness, ele rastrearia automaticamente suas atividades. Para empreendedores focados no trabalho, como Pei, ele automatizaria agendas e outras tarefas.

— Hoje, a computação é muito manual — disse Pei, acrescentando que tomar um café com um amigo poderia envolver o uso de três aplicativos diferentes para mensagens, calendário e avaliações do Yelp. Mas ele disse que os agentes de IA em um relógio fariam isso automaticamente no futuro.

“É um dispositivo que amplia nossas capacidades e liberta nossa mente das limitações biológicas” — Dan Siroker, CEO da Limitless AI, uma startup de IA ”vestível” que levantou mais de 33 milhões de dólares de investidores, incluindo Sam Altman, da OpenAI.

A memória humana é extremamente falível — estudos mostram que 90% das nossas lembranças são esquecidas após uma semana. (Ou talvez fosse 80%.) E se as pessoas pudessem ter memória perfeita?

Startups como a Limitless AI, que fabrica um pingente de IA que se prende à roupa para gravar conversas e criar transcrições automáticas, acreditam que gravadores vestíveis combinados com um coach de IA darão às pessoas poder cerebral extra para serem mais eficazes no trabalho e em casa.

Esse assistente de IA, sempre ouvindo suas conversas, poderia lembrá-lo de que você esqueceu de entregar algo que prometeu a um colega outro dia, por exemplo.

Ele pode até ajudá-lo a se tornar um pai melhor. Siroker compartilhou este exemplo: recentemente, durante uma viagem a um parque temático, seus filhos pediram mais créditos para jogar em um fliperama, e ele cedeu. Seu assistente de IA, que estava ouvindo, enviou uma mensagem explicando o que ele poderia ter dito para manter a firmeza.

Questões de privacidade podem retardar a adoção de dispositivos de IA que nos acompanham em todos os lugares, disse Dave Evans, designer de hardware que trabalhou na Apple e na Samsung. Computadores sempre ouvindo, segundo ele, se encaixam melhor em um escritório, onde os trabalhadores já abriram mão da privacidade em computadores monitorados por empregadores. Ele imaginou uma série de alto-falantes ou telas espalhadas por um prédio de escritórios que realizariam tarefas rapidamente para os trabalhadores.

— A verdade é que a maioria das pessoas não tem muito a fazer além de se alimentar, se vestir e assistir a um jogo. Você realmente precisa do seu telefone ou de outra coisa para fazer todas essas coisas malucas? — disse Evans.

Todos esses fabricantes de dispositivos ”vestíveis” estão construindo um futuro semelhante ao que Bob Ryskamp, designer de software, imaginou quando trabalhou no headset Google Glass há uma década. Na época, ele imaginava que as pessoas colocariam todos os dias alguns dispositivos de moda, como um colar, um smartwatch e óculos, que ele dizia estarem conectados por “uma sinfonia de IA”.

“Você os usa porque, cada um desses itens, você gosta de como eles parecem, e eles também são inteligentes”, disse Ryskamp.

O Google Glass, é claro, foi um fracasso notório em grande parte porque era feio, o que não é mais o caso dos computadores vestíveis de IA de hoje.

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