Pular para o conteúdo

Inteligência artificial e pirata – 16/07/2025 – Opinião

Banner Aleatório

Ainda não se sabe qual será a dimensão do impacto da inteligência artificial (IA) sobre a sociedade, mas já é certo que essa tecnologia será cada vez mais utilizada em diversos setores. Também é certo que seus sistemas precisam ser treinados com gigantescas bases de dados e que a qualidade desses dados tem efeito significativo sobre a performance das ferramentas.

Banner Aleatório

Nesse contexto, produtos jornalísticos, sobre os quais há controle de qualidade, tornam-se insumo importante para desenvolvedores de IA, sobretudo quando lidam com modelos de linguagem capazes de responder a questões da atualidade.

O problema é que, em vez de pagarem pelo direito de utilizar esses textos, como qualquer fabricante honesto faz quando compra matérias-primas, vários optam por piratear sites e arquivos de veículos de imprensa.

A prática é disseminada e inclui desde desenvolvedores de fundo de quintal, cujas ferramentas não tão inteligentes se limitam a reproduzir trechos inteiros de reportagens e colunas, até gigantes do setor, como a Open AI, que criou o popular ChatGPT.

Há casos de robôs que são ensinados a driblar as barreiras tecnológicas instaladas por sites jornalísticos para tentar impedir a entrada desses autômatos, algo análogo ao furto qualificado.

As regras de direitos autorais já vedam esse tipo de uso de dados, mas seria importante criar uma legislação mais específica, que coíba o treinamento de ferramentas com dados adquiridos sem autorização expressa.

Há projetos com esse teor em tramitação, no Brasil e em outras países, e julgamentos que deverão estabelecer paradigmas globais. Um deles envolve o The New York Times, que processou a Open AI e sua sócia, a Microsoft.

O prejuízo para a imprensa é duplo. Além de não ser devidamente remunerada pelo seu trabalho, também perde tráfego —e, portanto, faturamento— com a concorrência desleal colocada pelos resumos gerados por IA.

Tais resumos hoje aparecem no alto da maioria dos mecanismos de busca da internet. Muitos usuários se satisfazem com eles e deixam de acessar os sites que originaram o conteúdo.

Os desenvolvedores que acreditam que suas ferramentas se firmarão no mercado deveriam ser os mais interessados em criar um ambiente sustentável em que a imprensa siga existindo e produzindo o material que lhes servirá como fonte de alto valor agregado —dada a maior confiabilidade dos textos jornalísticos, em comparação com opiniões despejadas em redes sociais.

editoriais@grupofolha.com.br

Source link

Join the conversation

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *