Descubra como os brasileiros usam inteligência artificial no dia a dia e as percepções sobre IA generativa, segundo o Datafolha. Leia agora e entenda o impacto!
Uso da Inteligência Artificial no Cotidiano dos Brasileiros
A Inteligência Artificial já é uma realidade onipresente na vida da maioria dos brasileiros, ainda que de forma sutil. Uma pesquisa do Datafolha revela que 93% dos entrevistados afirmam usar IA de alguma forma, demonstrando uma integração massiva da tecnologia no dia a dia. No entanto, esse contato ocorre majoritariamente de maneira passiva, por meio de ferramentas que se tornaram indispensáveis.
A familiaridade com a IA vem principalmente de plataformas que utilizam algoritmos para personalizar a experiência do usuário. O levantamento aponta que o uso está concentrado em três grandes áreas:
- Redes sociais: 89% dos usuários interagem com algoritmos de IA em suas feeds.
- Plataformas de conteúdo: 78% consomem filmes, séries e vídeos recomendados por sistemas como os da Netflix e YouTube.
- Sistemas de navegação: 63% utilizam aplicativos como Waze e Google Maps para se locomover.
Essa exposição constante faz com que três em cada quatro brasileiros reconheçam a presença da IA em sua rotina, e 32% a considerem “muito presente”. Fica claro que, embora o termo técnico possa parecer distante, as aplicações práticas da tecnologia já estão profundamente enraizadas nos hábitos da população.
Baixa Adesão à IA Generativa no Brasil
Apesar da alta exposição à IA em serviços do dia a dia, a adoção de ferramentas generativas, que exigem uma interação mais intencional, ainda é muito baixa no Brasil. A pesquisa do Datafolha mostra um cenário de distanciamento quando o assunto é criar conteúdo com essa tecnologia. Mais da metade dos entrevistados (57%) afirma nunca ter usado serviços de geração de texto, como o ChatGPT, e um número ainda maior, 69%, nunca utilizou plataformas para criar imagens.
Alan Valadares, coordenador do Observatório Fundação Itaú, explica que “os avanços da IA generativa são bem mais recentes, é um tipo de ferramenta que requer um uso mais intencional”. Essa necessidade de uma ação deliberada do usuário, em contraste com a IA passiva dos algoritmos de recomendação, cria uma barreira de entrada.
O desconhecimento sobre o próprio conceito agrava esse quadro. Embora 82% já tenham ouvido falar de Inteligência Artificial, quase metade (46%) admite não saber exatamente o que o termo significa, e 18% nunca sequer ouviram falar. Essa lacuna de conhecimento fundamental ajuda a explicar por que as ferramentas mais avançadas e que demandam proatividade ainda não se popularizaram no país.
Percepções e Medos sobre Inteligência Artificial
A crescente presença da Inteligência Artificial na sociedade brasileira vem acompanhada de uma série de preocupações e medos significativos. O maior receio apontado pela pesquisa do Datafolha é o uso indevido de dados pessoais, citado por 42% dos entrevistados. Essa apreensão reflete uma desconfiança generalizada sobre como as empresas e governos gerenciam as informações coletadas.
Outros temores importantes também foram mapeados, desenhando um panorama claro das inseguranças da população em relação à tecnologia:
- O risco de manipulação ou vigilância preocupa 36% das pessoas.
- A possibilidade de desemprego em massa é um medo para 34%.
- A proliferação de notícias falsas (fake news) é temida por 31%.
Diante desses riscos, uma ampla maioria (77%) acredita que a IA pode ser perigosa se utilizada sem leis ou regras específicas, o que demonstra um forte apoio popular a uma agenda regulatória. Essa percepção de perigo é intensificada pelo fato de que muitos não compreendem a tecnologia a fundo: apenas 14% dos entrevistados conseguiram defini-la por seus aspectos técnicos, enquanto a maioria a descreve por suas finalidades práticas.
Impacto da IA no Mercado de Trabalho Brasileiro
A discussão sobre o futuro do trabalho é um dos pontos mais sensíveis quando se trata de Inteligência Artificial. No Brasil, a percepção é ambivalente, marcada tanto pelo medo quanto pela esperança. Segundo o levantamento do Datafolha, quase metade da população (49%) teme que a tecnologia possa ameaçar sua profissão. Esse receio é alimentado por relatos concretos, já que 41% dos entrevistados afirmam já ter ouvido falar de casos em que a IA substituiu trabalhadores.
Essa apreensão com a automação de funções é uma realidade que paira sobre diversos setores, do jornalismo aos serviços de saúde. A ideia de que profissões tradicionais podem ser transformadas ou até extintas gera uma insegurança palpável no mercado de trabalho.
Em contrapartida, existe um otimismo considerável sobre o potencial da IA como ferramenta de progresso. Uma parcela idêntica, de 41% dos brasileiros, acredita que a tecnologia pode apoiar a ciência e a inovação. Além disso, 39% enxergam na IA um caminho para avanços cruciais em diagnósticos médicos e tratamentos de saúde. Essa dualidade mostra que, enquanto o medo da substituição é real, a esperança de que a IA possa resolver grandes problemas e criar novas oportunidades também está muito presente.
Potencial da IA na Educação e Inovação
No campo da educação, a percepção sobre a Inteligência Artificial é majoritariamente positiva e otimista. A pesquisa revela que a maioria dos brasileiros (69%) acredita que a IA ajuda nos estudos, e um número ainda mais expressivo, 75%, afirma já ter aprendido algo novo por meio dela. Esses dados posicionam a tecnologia como uma poderosa aliada no processo de aprendizagem e aquisição de conhecimento.
Contudo, o uso da IA como ferramenta educacional não é feito de forma cega. A pesquisa destaca um senso crítico por parte dos usuários: 56% afirmam que sempre checam as informações obtidas por meio da IA, demonstrando uma preocupação com a veracidade e a precisão do conteúdo. Em contraste, apenas 10% admitem nunca verificar os dados, indicando uma minoria que consome a informação sem questionamento.
Esse cenário de uso consciente se alinha a um forte desejo por mais conhecimento. Seis em cada dez entrevistados expressam vontade de aprender mais sobre o tema. Conforme destaca Alan Valadares, do Observatório Fundação Itaú, é preciso “seguir com uma agenda de mais informação”, reforçando a necessidade de ampliar a literacia digital para que o potencial da IA na educação e inovação seja plenamente aproveitado.

