Jornal Correio | Participação de grupo de ministros: o que se sabe sobre os bastidores da demissão de Silvio Almeida

Participação de grupo de ministros: o que se sabe sobre os bastidores da demissão de Silvio Almeida

Entenda o papel de Janja e de ministros como Cida Gonçalves, Jorge Messias e Ricardo Lewandowski

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Publicado em 7 de setembro de 2024 às 10:27

Silvio Almeida nega todas as acusações; ele é o quarto integrante da equipe presidencial a deixar o governo petista após ser denunciado
Silvio Almeida nega todas as acusações; ele é o quarto integrante da equipe presidencial a deixar o governo petista após ser denunciado Crédito: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Demitido do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania na última sexta-feira (6), o advogado e pesquisador Silvio Almeida foi recebido pelo presidente Lula, em um encontro que selou sua saída da administração federal. Almeida chefiava a pasta desde janeiro de 2023. Almeida foi acusado de assédio sexual e uma das vítimas seria a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

De acordo com o colunista Guilherme Amado, do portal Metrópoles, Lula contou com um grupo restrito de ministros para definir como seria a demissão de Silvio Almeida. Amado, que revelou as denúncias na última quinta-feira (5), publicou, neste sábado (7), uma cronologia dos bastidores da demissão.

Segundo o jornalista, Almeida foi recebido pelos ministros da Advocacia-Geral da União (AGU), Jorge Messias, e pelo da Controladoria-Geral da União, Vinicius Marques de Carvalho, ainda na noite de quinta-feira, após as denúncias, a pedido de Lula. O presidente estava fora de Brasília, para participar da Bienal do Livro de São Paulo.

Neste encontro, Almeida mostrou mensagens e vídeos no celular para provar que não assediava a colega Anielle Franco. O conteúdo, contudo, não convenceu os outros ministros.

Uma das vozes importantes para o desfecho foi o da primeira-dama Janja da Silva, que não teria acreditado em Silvio e defendido Anielle.

Outro aspecto que foi malvisto pela cúpula do governo foi o fato de Silvio ter usado a estrutura de comunicação do Ministério dos Direitos Humanos, inclusive as redes sociais do órgão, para se defender. Além disso, ele acusou a organização Me Too Brasil, que recebeu as denúncias, de tentar interferir em atribuições da pasta.

Enquanto isso, os ministros Jorge Messias e Vinicius de Carvalho buscaram outras figuras que ouviram os relatos de Anielle Franco. Um deles foi o diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Rodrigues, que orientou que a colega registrasse a ocorrência. Ela não quis fazer isso.

Ainda de acordo com o colunista Guilherme Amado, o ministro Messias sugeriu ao presidente Lula que chamasse a ministra das Mulheres, Cida Gonçalves, para participar da gestão da crise. A Messias e a Cida, Anielle teria confirmado as denúncias.

Por fim, ao chegar em Brasília, o presidente Lula já tinha decidido demitir Silvio Almeida. No entanto, queria que ele se demitisse e dizia que ele deveria se defender fora do governo.

Almeida foi recebido não apenas por Lula, mas por Vinicius de Carvalho, Messias e o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski. Este último, por sua vez, foi quem teria sugerido a Silvio que se demitisse.

Almeida não quis e disse que não aceitaria ser injustiçado. Disse ser inocente e quis mostrar o material que já tinha mostrado a Jorge Messias e a Vinicius de Carvalho. O presidente Lula não quis ver. Lula ainda reclamou do uso da estrutura do ministério e disse que Silvio não tinha o direito de ter feito aquilo.

Somente após a demissão do advogado é que o presidente conversou com Anielle Franco. No encontro, além do presidente, só havia mulheres – além de Cida Gonçalves, a ministra da Gestão, Esther Dweck. A última, inclusive, assumiu interinamente a pasta antes chefiada por Silvio Almeida.

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