O bitcoin (BTC) acelera os ganhos nesta quarta-feira (19) após o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) fazer o esperado e manter a taxa de juros dos Estados Unidos no patamar de 4,25% a 4,5% ao ano.
Uma sinalização muito importante foi a manutenção da expectativa de dois cortes de juros até o fim de 2025, o que levaria as taxas para um nível entre 3,75% e 4% ao ano.
Após a decisão, o presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, destacou uma piora nas expectativas de inflação no longo prazo, mas ressaltou que elas permanecem bem ancoradas.
Powell também disse que os membros do comitê consideraram que agora é um bom momento para desacelerar a redução do balanço da autoridade monetária, embora não tenha sido anunciada uma parada completa, como alguns investidores esperavam.
“A redução do balanço vai ser mais lenta por mais tempo”, resumiu o presidente do Fed.
Este ponto é visto como bastante positivo pelo mercado, pois significa que a autoridade monetária dos EUA irá retirar menos liquidez do sistema financeiro, algo que beneficia ativos de renda variável, a exemplo das criptomoedas.
Perto das 17h25 (horário de Brasília), o bitcoin sobe 4,6% em 24 horas, cotado a US$ 85.814 e o ether, moeda digital da rede Ethereum, dispara 7,3% a US$ 2.040, conforme dados do CoinGecko.
O valor de mercado somado de todas as criptomoedas do mundo é de US$ 2,91 trilhões. Em reais, o bitcoin avança 3,8% a R$ 485.132, de acordo com valores fornecidos pelo Cointrader Monitor.
Entre as altcoins (as criptomoedas que não são o bitcoin), o XRP, token de pagamentos internacionais da Ripple, dispara 11,2% a US$ 2,51.
Já a solana tem alta de 8,4% a US$ 133,94 e o BNB (token da Binance Smart Chain) registra perdas de 2,3% a US$ 615,38.
Segundo Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos, a desaceleração do ritmo da redução do balanço do Fed de US$ 25 bilhões para US$ 5 bilhões por mês é um grande recado. “É uma forma de passar a mensagem de que o Fed está disposto a apoiar a economia”.
Cruz comenta também que o comunicado teve mudanças relevantes pois, embora a mediana das projeções de juros siga inalterada até o final do ano, mais dirigentes começam a discordar desse tema. “Na reunião de dezembro, existiam quatro dirigentes que discordavam de chegar a dois cortes neste ano, agora são oito, o que é uma mudança significativa”, afirma. A resposta para isso, diz Cruz, está nas outras projeções, como a de inflação, que subiu de 2,5% para 2,8%, e a do Produto Interno Bruto (PIB), que caiu de 2,1% para 1,7%.
“A tendência deve ser, ao longo desse semestre, de algum corte de juros baseado no fato de que as mudanças econômicas do Trump vão provocar um enfraquecimento da atividade e aumento do desemprego”, avalia.
Para Beto Fernandes, analista da Foxbit, o ambiente de medo de uma estagflação nos EUA pode ser favorável para o Fed reduzir juros. “Afinal, o desemprego mais alto é reflexo de uma economia mais fraca. E mesmo que ocorra essa flexibilização monetária por parte do Fed, a inflação pode não ser fortemente impactada no curto prazo, já que ainda haverá um processo e tempo necessários para que o consumo das pessoas volte à normalidade”, argumenta.
Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, destaca que a vida dos membros do Fomc ficou mais difícil com o aumento das incertezas macroeconômicas, mas até o momento os ajustes nas perspectivas para a política monetária foram bastante parcimoniosos. “Na entrevista coletiva, Powell teve que responder a perguntas sobre a deterioração nos indicadores de confiança e nos potenciais impactos das tarifas sobre importações. Em ambos os casos, Powell reconheceu que a incerteza cresceu, mas que é muito cedo para antecipar os resultados sobre os indicadores econômicos objetivos (atividade e inflação em particular), embora tenha admitido que parte dos ajustes nas projeções são sim expectativas sobre efeitos das tarifas”, aponta.
*Com informações do Valor Econômico