Usando trecho da letra de Sérgio Bittencourt cantada por Nelson Gonçalves, “Naquela Mesa está faltando ele”, o advogado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, conhecido como Kakay Castro, criticou ausências na mesa de negociação do acordo sobre a tragédia de Mariana (MG). Em entrevista à Rádio Metropole nesta quinta-feira (19), o jurista cobrou que as vítimas do desastre fossem ouvidas nessa negociação que envolve os estados de Minas Gerais e Espiríto Santo, as mineradoras e a Advocacia-Geral da União, representando o governo federal.
“As companhias responsáveis pela tragédia de Mariana se recusaram durante 9 anos a não só fazer o acordo, mas também a discutir o acordo que seria necessário e justo. As empresas levaram isso de uma forma, no meu ponto de vista, quase criminosa e, quando o governo resolveu assumir para tentar fazer o Termo de Ajuste de Conduta, acontece algo inacreditável […] infelizmente, do meu ponto de vista, não podia ter uma reunião dessa junto com as três mineradoras, o estado de Minas Gerais e do Espírito Santo, sem chamar as vítimas. Eu nunca vi um acordo onde você deixa de lado as vítimas. É ilegal, imoral”, disse o advogado.
Segundo Kakay, a previsão é que o acordo seja anunciado entre o final de setembro e o início de outubro. O advogado representa, junto com equipes de juristas inglês – já que o caso foi levado à Inglaterra porque a BHP, dona da Samarco, era uma empresa anglo-australiana na época da tragédia -, quase 620 mil pessoas atingidas diretamente. Recentemente, Kakay entrou, em nome de duas associações de quilombolas, com pedido de amicus curiae (amigo da Corte) na ação STF que tenta impedir municípios afetados processarem as mineradoras donas da Samarco no exterior.
Ainda de acordo com ele, entre os 46 municípios que ele representa contra a mineradora na ação na Inglaterra, cinco eram baianos. Por isso, o advogado lamenta também a ausência do estado na mesa de negociação. “Tem um estudo feito pela Universidade do Rio de Janeiro que diz que Abrolhos foi extremamente atingido quando a lama chegou no mar”, pontuou.
Confira a entrevista na íntegra: