Líder da oposição na Venezuela elogia a mediação do presidente brasileiro e dos governos de Colômbia e México com Maduro
A líder da oposição na Venezuela, María Corina Machado, afirmou nesta 4ª feira (7.ago.2024) que está disposta a entregar as atas eleitorais ao governo brasileiro para comprovar a vitória de Edmundo González Urrutia (Plataforma Unitária Democrática, centro-direita) contra o presidente Nicolás Maduro (Partido Socialista Unido da Venezuela, esquerda).
Corina Machado argumenta que os documentos servem como prova “incontestável” da vitória da oposição e da suposta fraude cometida pelo regime chavista. Também pede que o governo venezuelano apresente as atas, afirmando que elas confirmarão as irregularidades cometidas pelo CNE (Conselho Nacional Eleitoral).
O presidente do CNE, Elvis Amoroso, disse na 2ª feira (5.ago) que entregou as atas ao TSJ (Tribunal Supremo de Justiça) do país. Na 6ª feira (2.ago), o órgão eleitoral confirmou a reeleição de Maduro, com 51,95% dos votos. O conselho, no entanto, não havia divulgado os boletins eleitorais.
Diversos países pediram pela publicação dos documentos para a ratificação do resultado, já que a oposição contesta a vitória de Maduro. Brasil, Colômbia e México emitiram um comunicado conjunto, pedindo a divulgação detalhada dos comprovantes das urnas e a permissão para uma verificação imparcial dos resultados. Leia a íntegra (PDF – 55 kB).
Em entrevista ao O Globo, Corina reconheceu os esforços dos países para criar um espaço de mediação entre as partes envolvidas.
“Reconheço o empenho do Brasil e considero essencial ter um espaço de mediação para resolver o conflito de maneira pacífica e ágil”, afirmou. “Os 3 países mantêm canais de diálogo com ambas as partes, e sua presença é crucial.”
Embora tenha concordado que, inicialmente, Brasil, Colômbia e México devem liderar o processo, Corina sugeriu que seria vantajoso envolver outros países da América Latina e da Europa.
“É fundamental que a comunidade internacional adote uma postura firme e nos demonstre que não estamos sozinhos”, declarou.
Sobre uma possível tentativa de contato direto com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Corina disse que “fala com muitos presidentes”, mas não com todos. No entanto, confirmou que mantém comunicação com o governo brasileiro.
“Gostaria de expressar minha gratidão ao presidente Lula e à sua equipe pelo apoio na proteção da embaixada e das funções consulares da Argentina, incluindo a proteção de nossos 6 colaboradores”, afirmou.
Na 5ª feira (1º.ago), Brasília aceitou custodiar a representação diplomática da Argentina na Venezuela. Ficou responsável por proteger a embaixada e os asilados políticos da oposição ao governo chavista que estão abrigados no local.
Atas da oposição
María Corina afirma que González Urrutia obteve 67% dos votos (7.156.462 votos), enquanto Maduro recebeu 30% (3.241.461 votos). Os opositores do atual presidente venezuelano argumentam ter 81,7% dos boletins de urnas, totalizando 24.532 das 30.026 mesas de voto instaladas em 15.700 centros de votação. As informações foram disponibilizadas em uma plataforma independente de contagem de votos.
O Poder360 elaborou um infográfico explicando as atas na Venezuela: