Assim como diversas cidades brasileiras, Marília também enfrenta um desafio persistente e complexo: a falta de qualificação profissional. Mesmo com um mercado em expansão e uma demanda crescente por mão de obra especializada, a cidade vive um descompasso entre as vagas disponíveis e os perfis dos candidatos. O resultado é um paradoxo comum — empresas com postos abertos e profissionais desempregados.
Segundo o secretário municipal de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico, Vitor Gazola, uma série de fatores contribui para esse cenário: mudanças rápidas no mercado, dificuldades para reter talentos e obstáculos econômicos que impedem a criação de um ambiente de trabalho mais atrativo.
“A dinâmica do emprego é impactada pela qualificação da mão de obra, pelas transformações do mercado, pelos desafios de retenção e por fatores econômicos que dificultam a geração de oportunidades de qualidade”, afirma.
Entre os principais entraves está a formação técnica e profissional. Embora Marília conte com instituições reconhecidas, como a Etec Antônio Devisate e a Fatec, a quantidade de profissionais capacitados ainda está aquém do que o setor produtivo exige.
“Há um gargalo real. Não conseguimos formar profissionais em quantidade suficiente para o que o mercado precisa. Essa carência não é exclusiva de Marília — é reflexo de um problema estrutural no país”, explica Benedito Goffredo, diretor da Etec.
Goffredo também destaca outro ponto sensível para o empresariado: habilidades comportamentais. “Empresas se queixam de falta de responsabilidade, pontualidade e comprometimento. Por outro lado, nossos alunos geralmente se destacam nesses aspectos, pois nossa formação prioriza também o desenvolvimento humano.”
Além da escassez de profissionais qualificados, há dificuldades para manter os talentos contratados. Segundo Gazola, a ausência de planos de carreira, salários pouco competitivos e os desafios de mobilidade urbana pesam contra a permanência no emprego.
“A distância entre casa e trabalho, somada ao custo de deslocamento e à exaustiva jornada, desmotiva o trabalhador e impacta diretamente na retenção”, aponta o secretário.
Para reverter esse quadro, a Prefeitura tem ampliado esforços. A Secretaria de Trabalho, Turismo e Desenvolvimento Econômico promove programas de capacitação, firmando parcerias com instituições de ensino e criando estratégias para fortalecer o ambiente de geração de emprego e renda.
“A qualificação contínua e a inclusão no mercado são prioridades. Buscamos alinhar as necessidades das empresas com a realidade dos trabalhadores, promovendo desenvolvimento e oportunidades. A meta é fazer de Marília não só um polo de crescimento econômico, mas também de empregos de qualidade”, conclui Gazola.
Com o avanço da tecnologia e as novas exigências do mercado, a formação profissional torna-se cada vez mais urgente. Em Marília, os investimentos em qualificação e a articulação entre ensino, setor produtivo e poder público serão essenciais para transformar o desafio da empregabilidade em oportunidade de progresso coletivo.