A Meta lançou um novo sistema de inteligência artificial chamado V-JEPA 2, com o objetivo de transformar a forma como as máquinas entendem e navegam no mundo físico.
O modelo de código aberto, revelado na quarta-feira na conferência VivaTech em Paris, imita o raciocínio humano para antecipar resultados físicos – como uma bola caindo de uma mesa ou um objeto que permanece presente quando está fora de vista.
Ao contrário dos modelos tradicionais que dependem de imagens ou vídeos anotados, o V-JEPA 2 usa um “espaço latente” para simular a dinâmica do mundo real, marcando uma mudança da IA baseada em linguagem para sistemas mais conscientes espacialmente.
Novo avanço da IA simula raciocínio semelhante ao humano em tempo real
O modelo V-JEPA 2 representa o mais recente avanço da Meta em sistemas de IA conhecidos como “modelos mundiais” – um conceito que está ganhando força entre os desenvolvedores que buscam ir além dos grandes modelos de linguagem.
Esses sistemas tentam construir simulações internas da realidade que ajudam as máquinas a prever resultados e planejar ações de acordo.
De acordo com a Meta, o V-JEPA 2 pode realizar esse raciocínio sem a necessidade de imagens de vídeo rotuladas, diferenciando-o dos sistemas de IA generativa existentes, como ChatGPT ou Gemini.
O modelo foi desenvolvido para permitir a compreensão espacial em tempo real para tecnologias orientadas por IA, como veículos autônomos, robôs de armazém e sistemas de entrega por drones.
Em uma apresentação em vídeo, o cientista-chefe de IA da Meta, Yann LeCun, descreveu o V-JEPA 2 como um “gêmeo digital abstrato da realidade” que permite à IA “prever as consequências de suas ações” e “planejar um curso de ação para realizar uma determinada tarefa”.
Meta expande foco em IA com investimento de US$ 14 bilhões em IA na escala
O lançamento do V-JEPA 2 pela Meta ocorre em um momento em que a empresa está dobrando suas ambições de IA.
A gigante da tecnologia está investindo US$ 14 bilhões na Scale AI, uma startup com sede em São Francisco que fornece dados de treinamento para aprendizado de máquina.
Espera-se que a empresa, fundada por Alexandr Wang, desempenhe um papel fundamental na próxima fase de desenvolvimento de IA da Meta.
De acordo com pessoas familiarizadas com o assunto, Wang também está sendo contratado para liderar as principais iniciativas de IA na Meta.
Este investimento está alinhado com o objetivo declarado do CEO Mark Zuckerberg de incorporar a IA nas principais ofertas da Meta.
A empresa não está apenas procurando melhorar a experiência do usuário do Facebook e do Instagram por meio da IA, mas também desenvolver recursos de longo prazo em robótica e sistemas autônomos.
A competição esquenta entre os desenvolvedores de modelos mundiais
Os esforços da Meta seguem uma tendência crescente na pesquisa de IA em direção à modelagem mundial.
Em setembro do ano passado, o pesquisador de IA Fei-Fei Li levantou US$ 230 milhões para uma startup chamada World Labs, que também se concentra na construção de modelos mundiais em larga escala.
Enquanto isso, a unidade DeepMind do Google está testando seu próprio projeto de modelo de mundo chamado Genie, projetado para simular jogos e ambientes virtuais em tempo real.
Ao contrário dos grandes modelos de linguagem que interpretam e geram texto, os modelos de mundo priorizam a compreensão espacial, o raciocínio causal e a previsão.
Esses modelos podem se tornar essenciais para qualquer IA que opere em ambientes dinâmicos do mundo real, desde bots de entrega até sistemas de automação de fábrica.
Como o V-JEPA 2 pode remodelar os aplicativos de IA
A Meta tornou o V-JEPA 2 de código aberto, permitindo que os desenvolvedores o acessem, testem e integrem em uma variedade de casos de uso.
Isso inclui dispositivos que precisam navegar em seus arredores com o mínimo de entrada humana ou contexto de dados rotulados.
De acordo com a Meta, a dependência do modelo no raciocínio espacial simplificado, em vez da entrada pesada de dados, pode torná-lo mais eficiente, adaptável e escalável do que os modelos de IA existentes.
As implicações vão além da logística e da robótica.
Se modelos mundiais como o V-JEPA 2 continuarem a se desenvolver conforme o esperado, eles podem abrir caminho para que a IA opere de forma autônoma em ambientes desconhecidos, abrindo casos de uso em áreas como saúde, agricultura e até mesmo ajuda em desastres.
A Meta compartilhou que o lançamento é um marco importante em seu roteiro de IA de longo prazo, especialmente à medida que a concorrência da OpenAI, Microsoft e Google se intensifica.
À medida que os modelos mundiais se tornam mais centrais para o progresso da IA, o V-JEPA 2 posiciona a Meta para assumir um papel de liderança na corrida para desenvolver inteligência artificial de uso geral que pode pensar e agir mais como um humano no mundo real.