O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), instaurou um novo inquérito para investigar o vazamento de mensagens trocadas entre auxiliares de seu gabinete na Corte e ex-auxiliares do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
A nova investigação foi aberta sob sigilo. A decisão de Moraes foi tomada após as reportagens publicadas pelo jornal Folha de S.Paulo, na semana passada, que indicaram que o magistrado não teria seguido o rito processual adequado durante investigações envolvendo o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados.
As reportagens revelaram que o ministro do Supremo teria usado métodos “informais” para obter provas que incriminassem Bolsonaro e pessoas ligadas ao ex-presidente. O jornal teve acesso a mais de 6 gigabytes de arquivos e diálogos por mensagens, trocadas de forma não oficial, que revelariam um fluxo fora do rito tradicional envolvendo o STF e o TSE, para abastecer o chamado inquérito das “fake news”.
No âmbito da investigação sobre o vazamento das mensagens, a Polícia Federal (PF) intimou Eduardo Tagliaferro, ex-chefe da Assessoria Especial de Enfrentamento à Desinformação do TSE, a prestar depoimento, nesta quinta-feira (22), em São Paulo (SP). A esposa dele também foi convocada.
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De acordo com informações do site do Supremo, o inquérito sigiloso foi aberto na última segunda-feira, dia 19 de agosto. Na quarta-feira (21), o advogado de Tagliaferro, Eduardo Kuntz, encaminhou um ofício a Moraes manifestando surpresa com a investigação e pedindo “acesso total e irrestrito aos elementos de informação” que instruíram o procedimento.
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Kuntz também é advogado de pelo menos dois ex-assessores do ex-presidente Jair Bolsonaro, alvo de uma série de inquéritos que tramitam no Supremo sob relatoria de Moraes.
Ministro nega conduta irregular
Segundo o ministro Alexandre de Moraes, todos os procedimentos adotados nas investigações sobre Bolsonaro e aliados “foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações”.
“Diversas determinações, requisições e solicitações foram feitas a inúmeros órgãos, inclusive ao Tribunal Superior Eleitoral, que, no exercício do poder de polícia, tem competência para a realização de relatórios sobre atividades ilícitas, como desinformação”, afirma o ministro do STF.