Mulheres negras cotadas para ministério dos Direitos Humanos

Mulheres negras cotadas para ministério dos Direitos Humanos

Demissão de Silvio Almeida, acusado coletivamente de assédio sexual, abre disputa entre nomes menos qualificados do governo e do PT. 

(brpress) – No calor das acusações de assédio sexual, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva exonerou o ministro dos Direitos Humanos e Cidadania, Silvio Almeida, um dos mais capacitados integrantes do governo. Lula quer uma mulher negra para o cargo – ainda que nenhuma delas tenha a expertise de Almeida, professor universitário, advogado formado em filosofia pela Universidade de São Paulo (USP) considerado um dos maiores especialistas em racismo do país, com diversos livros publicados. para chefiar uma pasta-chave para o cumprimento das propostas de campanha do PT.

Estariam sendo sondadas para o cargo, a socióloga Vilma Reis; a secretária nacional de Acesso à Justiça, Sheila de Carvalho; a deputada estadual de Minas Gerais Macaé Evaristo (PT) e a ex-governadora do Rio de Janeiro e deputada federal Benedita da Silva (PT).  O Ministério dos Direitos e da Cidadania anunciou a nomeação do secretário de Serviços Compartilhados do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos , Cilair Rodrigues de Abreu, como secretário-executivo interino da pasta – chefiada provisoriamente pela ministra da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck.

 

Defesa

Silvio Almeida estaria destroçado cm as acusações e teria se negado a pedir demissão por negar as acusações de assédio sexual pela ONG Me Too Brasil, que denunciou o suposto crime para “proteger a identidade das vítimas”, que seguem no anonimato. A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, e a professora Isabel Rodrigues, candidata a vereadora em Santo André (SP) pelo PSB, também dizem ter sido assediadas por Almeida. Franco não detalhou o suposto assédio e Rodrigues descreveu a situação no Instagram. 

“Toda e qualquer denúncia deve ter materialidade”, afirmou Silvio Almeida, em vídeo. “De acordo com movimentos recentes, fica evidente que há uma campanha para afetar a minha imagem enquanto homem negro em posição de destaque no Poder Público, mas estas não terão sucesso. Isso comprova o caráter baixo e vil de setores sociais comprometidos com o atraso, a mentira e a tentativa de silenciar a voz do povo brasileiro, independentemente de visões partidárias”, concluiu o ainda ministro, em comunicado oficial da pasta. A utilização de canais oficiais do ministério para contestar as acusações foi criticada pela Me Too e setores do governo.

Segundo o Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, a Me Too tentou interferir indevidamente em uma licitação da pasta, em 2023, para o Disque 100, canal de denúncias para violação de direitos humanos, sucateado durante o governo Bolsonaro. . “Em apuração do superfaturamento, fez-se revisão do desenho da contratação, ocasionando redução substancial, passando de aproximadamente R$ 80 milhões para em torno de R$ 56 milhões de contratação anual”, afirmou o ministério, em nota.

Crise anunciada?

O Conselho Nacional de Direitos Humanos, vinculado ao ministério dos Direitos Humanos e Cidadania e formado por representantes do governo de da sociedade civil, diz que se “solidariza” com as vítimas com “extrema preocupação” com a a denúncia, embora saliente o direito de defesa do ex-ministro – que tem dez dias para se defender, segundo a Comissão de Ética Pública. A Polícia Federal abriu inquérito e Almeida pediu rigorosas investigações, além de provas venham a público, numa ação contra a Me Too.

A secretária-executiva do Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, Rita Cristina de Oliveira, que substituiria Almeida na direção do ministério, pediu exoneração do cargo, em solidariedade a Almeida. No meio jurídico e político, as opiniões seguem divididas.  

Pressionada a dar detalhes do suposto assédio por Almeida, Anielle Franco pediu para que tenha sua privacidade respeitada.  Antes da demissão, o ex-ministro exibiu vídeos e mensagens na tentativa de mostrar que tinha intimidade com Anielle e que nada havia de sexual em suas conversas, em reunião com Jorge Messias, da Advocacia-Geral da União, e Vinicius Marques de Carvalho, da Controladoria-Geral da União.

O conteúdo foi levado à Lula e não se sabe a opinião do presidente. Especula-se que o apoio à Anielle dado por Janja Silva, socióloga e primeira-dama, pesou na decisão pela demissão de Almeida. Rumores de que o governo teria recebido reclamações sobre o suposto comportamento inapropriado de Almeida em 2023 teriam sido confirmados por uma fonte do primeiro escalão do governo – o que justificaria a demissão sumária do ministro, antes da apuração das denúncias.

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