A popularização de ferramentas como o ChatGPT destaca a importância de uma parceria entre família e escola para o uso responsável dessa tecnologia
Com o avanço das tecnologias e o crescente acesso a ferramentas digitais, surgem novas oportunidades e desafios no ensino e aprendizagem. Educadores e pais precisam estar atentos às inovações, como os aplicativos de mensagem e a Inteligência Artificial (IA), para orientar os alunos de forma eficaz. A popularização de ferramentas como o ChatGPT destaca a importância de uma parceria entre família e escola para garantir o uso responsável e produtivo dessas tecnologias no ambiente educacional.
Os alunos necessitam de orientação, e ela deve ser feita através de uma parceria entre pais e escola. Na prática da redação, educadores avaliam que estamos vivendo um momento decisivo, especialmente com a popularidade de aplicativos como o ChatGPT, que é uma tecnologia de geração automatizada de conteúdo.
“A dificuldade crescente que enfrentamos é como garantir que os alunos usem a IA de forma saudável. A grande questão é como utilizar corretamente as ferramentas disponíveis, sem adotar uma proibição radical”, disse a professora Fernanda Nascimento, coordenadora de redação do Colégio GGE.
Para a especialista, o fundamental é diferenciar o que auxilia do que prejudica dentro desse novo contexto, que veio para ficar. Este é um recorte geracional e, de certa forma, ainda está em desenvolvimento, evoluindo rapidamente e sem muitos regulamentos, tanto para o bem quanto para o mal.
DESENVOLVIMENTO DAS HABILIDADES
“A tecnologia, de modo geral, deve servir para auxiliar o desenvolvimento das habilidades humanas, e não para substituí-las, principalmente na esfera intelectual. Ferramentas como o ChatGPT podem ser extremamente valiosas para o aluno que precisa, por exemplo, de sugestões de temas para desenvolver um texto como treino para provas. Também é possível enviar um texto para que a IA faça a correção gramatical, indicando as justificativas para as correções, e até mesmo solicitar pontos de vista que sirvam como base para o desenvolvimento da argumentação do aluno, entre outras coisas”, explicou Fernanda.
Catarina Medeiros, psicóloga escolar do GGE Benfica, mencionou que isso se chama “letramento digital”. “Essas ferramentas têm seus prós e contras. Se usadas de forma inadequada, podem causar prejuízos, mas se usadas com cautela, podem ser muito importantes para os estudantes”, comentou.
De acordo com ela, a escola precisa discutir frequentemente com professores e pais sobre o que está sendo utilizado e como isso influencia o aprendizado. “No GGE, por exemplo, os educadores prestam muita atenção ao raciocínio nos trabalhos. Respostas que vão além do habitual dos alunos podem indicar que foram copiadas, o que não é desejável, pois não gera aprendizado”, afirmou a psicóloga.
O ChatGPT é apenas a ponta do iceberg da IA, amplamente comentada na mídia, mas não é a única. Todos os gigantes da tecnologia estão desenvolvendo suas próprias ferramentas, algumas das quais já são amplamente usadas pelos estudantes, como a função de grupo do WhatsApp (um aplicativo muito popular entre os jovens).
Além disso, países estão tentando desenvolver suas próprias inteligências artificiais, uma discussão presente também no Brasil, que, como os demais, enfrenta dificuldades na regulação. Para Catarina Medeiros, isso envolve a colaboração entre professores e pais na fiscalização e orientação dos estudantes.
FUTURO PRÓXIMO
De acordo com uma pesquisa realizada em 2023 pela Fundação Walton Family, dos Estados Unidos, 75% dos estudantes acreditam que essas ferramentas (neste caso, o ChatGPT) podem ajudar no aprendizado. Isso tem levado a um percentual muito próximo (76%) de professores que já estão usando essas ferramentas no dia a dia escolar ou consideram fazê-lo, indicando que a IA será importante na educação em um futuro próximo.
Por outro lado, a Unesco, braço da ONU para a educação, expressa preocupação em boletins recentes sobre o potencial da IA para gerar desinformação e conteúdo extremista. Portanto, o debate está apenas começando. “A questão central sempre será como utilizamos a tecnologia disponível”, concluiu Fernanda Nascimento.