Nova cátedra da USP impulsiona avanço estratégico do Brasil em inteligência artificial

O professor Glauco Arbix encerra sua última coluna do ano com uma boa notícia, o lançamento, no dia 2 de dezembro, no auditório do Conselho Universitário da USP, da Cátedra IA Responsável, uma parceria entre a USP e o Google que reuniu personalidades da área acadêmica e lideranças e autoridades políticas, além de estudantes. De acordo com o colunista, pela primeira vez na história uma tecnologia consegue reduzir drasticamente o custo da cognição, substituindo não somente músculos, mas também ocupando áreas que até há pouco tempo eram consideradas de monopólio humano. “A cátedra nasce sem o deslumbramento típico, diante de uma nova tecnologia, e sem aquelas visões que vêm na inteligência artificial apenas um desastre anunciado. Isso porque a cátedra recusa aquilo que se chama determinismo tecnológico, que acredita que a lógica da tecnologia já está dada e se sobrepõe à sociedade”, diz ele.

Arbix diz que a cátedra vai batalhar com todas as suas forças por uma IA responsável, que amplie a ação e o pensamento humanos. “Nem um país ou universidade pode se dar ao luxo de prescindir da inteligência artificial. Riscos éticos e transparência de viés, desinformações existem, assim como há fortes sinais de impactos negativos no trabalho e na democracia, mas, se depender da cátedra, serão enfrentados a cada instante, com propostas voltadas para equilibrar segurança na sociedade, com inovações. O Brasil tem dificuldades para dominar a inteligência artificial. Por isso, a cátedra nasce com um enorme senso de urgência. Precisamos aprender, absorver e desenvolver a IA rapidamente. Esse foi o sentido da cooperação com a Google,  uma das principais lideranças globais da inteligência artificial. Tem uma natureza distinta da universidade, mas que se mostrou aberta ao diálogo e a interações conosco. É possível que surjam diferenças, claro, mas o que nos anima é a disposição de superá-las com base no diálogo permanente”.

Arbix finaliza a coluna assegurando que a recém criada cátedra reúne gente de qualidade e com experiência de sobra em políticas públicas, como o nome escolhido para ser o catedrático,  professor Carlos Américo Pacheco, engenheiro do Ita, professor de economia da Unicamp, secretário executivo do Ministério da Ciência e Tecnologia, ex-diretor presidente da Fapesp. “Certamente ele não é um programador, mas conhece como ninguém o sistema de ciência e tecnologia, sabe fazer networking, rede e tem a virtude de agregar pessoas. Neste final de ano, só podemos saudar as boas notícias e desejar desejar sucesso e longa vida à cátedra”.

.