Se você achou que o ritmo da inovação estava rápido no início do ano, novembro veio para provar que ainda não tínhamos visto nada. Historicamente, o mundo da tecnologia vive de ciclos, mas o que presenciamos nas últimas semanas não foi um ciclo: foi uma explosão cambriana digital.
Novembro de 2025 entra para a história como o mês mais agitado para a geração de modelos de inteligência artificial (IA) até hoje. É impressionante — e, sinceramente, assustador — ver como certas famílias de modelos evoluíram tanto em tão pouco tempo.

Diversas empresas lançaram modelos de IA em novembro Foto: Adobe Stock
Para quem perdeu a conta, aqui vai o resumo da ópera. Apenas neste mês, tivemos o lançamento do GPT-5.1 da OpenAI, do Gemini 3 do Google, além dos Sonnet 4.5 e Opus 4.5 da Anthropic e do Grok 4.1 da xAI.
Não estamos falando de atualizações incrementais. Todas as empresas relevantes lançaram novos modelos ultra-poderosos em intervalos de duas semanas. Quando olhamos para os benchmarks, os saltos são de 20%, 30% e, em alguns casos, até 50% em métricas críticas de desempenho. O que era “estado da arte” em outubro virou peça de museu em novembro.
Engana-se quem pensa que essa é uma festa exclusiva do Vale do Silício. As gigantes chinesas também colocaram suas cartas na mesa com força total. Vimos a chegada do Kimi K2 Thinking (Moonshot AI), do Qwen 3 VL (Alibaba) e do Ernie 5.0 (Baidu), todos brigando muito perto e até ultrapassando modelos norte-americanos mais avançados.
O resultado prático desse movimento é uma pressão brutal sobre desempenho e preços e uma aceleração da commoditização acelerada de modelos de IA. A cada novo lançamento de um modelo de fronteira, a inteligência que antes era “premium” torna-se acessível a custo de banana.
Essa abundância de inteligência barata e poderosa está reescrevendo as regras do empreendedorismo. Estamos vendo orápido surgimento de startups “AI Native”, empresas que usam IA em cada parte de sua operação e que estão protagonizando o crescimento empresarial mais rápido da história conhecida.
O exemplo da Cursor é emblemático: foi do zero a US$ 100 milhões de receita anual recorrente em apenas 12 meses — com uma equipe de apenas 30 funcionários. Nomes como Lovable, ElevenLabs e Midjourney também cruzaram essa linha de chegada em menos de 20 meses, todas operando com menos de 50 pessoas. A eficiência por funcionário atingiu patamares que fariam qualquer industrial do século XX questionar a realidade.
Já no topo da cadeia alimentar da IA, a escala é outra. Big techs como Google e Nvidia romperam a barreira simbólica dos US$ 4 trilhões em valor de mercado. Para colocar em perspectiva: uma única destas empresas vale hoje mais de R$ 22 trilhões. Isso é quase duas vezes o PIB do Brasil inteiro, ou cerca de 50 vezes o valor da Petrobras. Se somarmos o valor das “magnific seven”, Google, Nvida, Amazon, Microsoft, Meta, Tesla e Apple, chegamos a astronômicos U$ 21,2 trilhões, quase 10 vezes o PIB nacional.
É natural que, diante desses números, analistas soem o alarme de uma possível “bolha da IA”. Mas há um gargalo físico real limitando essa expansão infinita: energia e silício.
Cresce a pressão por energia limpa e chips mais eficientes para alimentar data centers cada vez mais titânicos. O que está em jogo não é apenas o lucro trimestral, mas a supremacia da IA e o domínio sobre as superinteligências que virão.
Se 2025 foi o ano da explosão, 2026 promete ser o ano da intensificação. As implicações para os mercados serão severas, tanto no ganho de eficiência quanto no crescimento de riscos cibernéticos e sociais, que avançam na mesma proporção.
Uma coisa é certa: pessoas e empresas que ainda tratam a IA como uma “curiosidade” ou uma “ferramenta extra” precisam repensar suas posições. O mês de novembro desenhou uma nova linha na areia. De que lado dela você está?

